O estabelecimento português
O sítio de "Mazagan" ou "Mazagão", considerado uma vila portuguesa em terras marroquinas, encontrava-se sob o domínio da Coroa portuguesa desde 1486, embora os portugueses apenas nela se tenham instalado a partir de 1502, quando ergueram uma torre e algumas instalações de campanha. Foi apenas em 1514 que a Coroa portuguesa decidiu a fortificação permanente do local, tendo os irmãos Diogo e Francisco de Arruda projetado e iniciado a construção de uma cidadela de planta quadrada com torres nos vértices. Uma das torres erguia-se na localização de al-Buraidja.
Em 1541, na sequência da queda da Fortaleza de Santa Cruz do Cabo de Gué (atual Agadir), João III de Portugal determinou a evacuação da Praça-forte de Safim e da Fortaleza de Azamor (1542), concentrando as forças portuguesas em Mazagão, por considerar que estava mais bem protegida. Ali deu início a uma extensa remodelação das suas defesas, com projeto a cargo de um grupo de engenheiros e arquitetos, dos quais se destacavam o italiano Benedetto da Ravenna (c. 1485-1556), engenheiro de Carlos I de Espanha (a acompanhar Benedetto da Ravenna esteve também presente Miguel de Arruda), João de Castilho e João Ribeiro (com a função de construtores). Outros autores atribuem a traça a Diogo de Torralva. Data deste período a configuração das muralhas que chegou até aos nossos dias.
O seu corpo principal foi erguido no espaço de um ano (1541-1542) por João de Castilho, sendo a primeira obra de fortificação portuguesa integralmente abaluartada. À época da evacuação da praça-forte de Alcácer-Ceguer (1549) e da praça-forte de Arzila (1550), as suas defesas complementares ainda não haviam sido concluídas.
Esta praça-forte foi o palco do último grande feito de armas portuguesas em Marrocos, quando resistiu vitoriosa e sem o auxílio do reino, ao cerco muçulmano de 1562. Na guarnição de 2600 homens, sob o comando de Álvaro de Carvalho, destacou-se Rodrigo de Sousa, o "herói de Mazagão".
Mapa de Marrocos.