Fundação Batalha de Aljubarrota

Diplomacia e Guerra

A princesa Beatriz de Portugal (filha única do rei Fernando) casa com o rei João I de Castela

A herdeira do trono que não foi Rainha de Portugal

No início de 1383 a infanta D. Beatriz era a única descendente do rei D. Fernando, após a morte prematura dos seus irmãos mais novos D. Pedro em 1380 e D. Afonso em 1382. Como herdeira do trono, o seu casamento iria decidir, aparentemente, quem havia de ser o sucessor de D. Fernando.

D. Fernando combinou e cancelou o casamento de Beatriz por diversas vezes. Finalmente, para tentar evitar que príncipe castelhano, D. Fernando, filho segundo do rei de Castela, lhe sucedesse ao trono, por força do tratado de Elvas, encontrou a solução no casamento da sua única filha e herdeira com o próprio rei João I de Castela. Viúvo de uma princesa aragonesa, João de Castela aceitou a proposta acreditando que lhe estava aberta a via para anexar o reino de Portugal ao de Castela e Leão. O respetivo tratado de matrimónio e sucessão ao trono de Portugal foi negociado em março de 1383, em Salvaterra de Magos e a cerimónia final do casamento teve lugar a 17 de maio de 1383 na cidade fronteiriça de Badajoz. D. Beatriz tinha então apenas 10 anos.

Porém, o tratado de Salvaterra de Magos não reconhecia como soberanos plenos João I de Castela e Beatriz e reservava o trono de Portugal para um hipotético neto do rei D. Fernando, o qual, três meses após nascer, seria trazido para Portugal e ali criado sob a tutela dos avós ou de quem eles nomeassem, caso viessem a falecer.

Pelo tratado de Salvaterra só à morte do rei D. Fernando é que os reis de Castela e Leão teriam direito a intitularem-se rainha e rei de Portugal e usufruir das rendas e frutos do reino. Teriam apenas direito ao título de reis numa situação precária de fideicomisso (a respeito do título real) e seriam usufrutuários do saldo líquido das rendas do reino (se porventura as houvesse). Não podiam sequer ser qualificados, em rigor, como verdadeiros soberanos nominais, pois para as decisões em Portugal não se pedia opinião à corte castelhana, pertencendo o Regimento (governo) a Leonor Teles ou a quem, em caso de sua morte, ela deixasse nomeado. Mas a novidade maior, no referido tratado, era que os naturais do reino teriam de a considerar Rainha (a Beatriz). Surpreendentemente os naturais do reino intervieram no tratado (fonte: Provas da História Genealógica, Sousa, A. Caetano).

O rei D. Fernando morreu pouco depois, possivelmente tuberculoso, a 22 de outubro. Cerca de um mês após a sua morte (segundo Ayala e Fernão Lopes de Menezes), com o tratado de casamento, a rainha-mãe, Leonor Teles mandou aclamar, em algumas cidades e vilas, a sua filha como rainha de Portugal, tendo assumido entretanto a regência como «Dona Lionor, pela graça de Deus, Rainha, Governador e Regedor dos Reinos de Portugal e Algarve».

 No entanto, em Toledo, João I de Castela já se proclamara e fizera aclamar rei de Castela, de Leão e de Portugal, juntando as bandeiras de Castela, Leão e de Portugal numa só e tentando nomear o fidalgo português Vasco Martins de Melo, Alferes-mor de Castela e de Portugal. Vasco Martins não aceitou e, polidamente, informou o rei castelhano que este não podia juntar o que estava separado, ou seja, os dois reinos, e que se o fizesse poderia haver uma guerra, e que ele, Vasco Martins de Melo, devia obediência a Portugal. Foi pois esta atitude e pretensão de João I de Castela que esteve, verdadeiramente, na origem da crise de 1383-1385. É verdade que houve cidades e vilas que se mantiveram indiferentes e outras que impediram ou repudiaram a aclamação de D. Beatriz como Rainha de Portugal, como foi o caso de Lisboa, Santarém, Elvas e outros lugares, mas os próprios apoiantes mais chegados do Mestre de Avis estavam dispostos a aceitar os termos do tratado de Salvaterra, chegando a propor a Leonor Teles, já depois do assassinato de João Fernandes Andeiro, um curioso arranjo: «que o Mestre casasse com a Rainha dona Lionor» e que os dois fossem Regedores durante a menoridade do futuro filho de Beatriz e de João I de Castela (Crónica de el-rei D. João I, de Fernão Lopes, cap. XXV, edição Civilização). Quem levou o recado a Leonor Teles foram Álvaro Pais, um dignitário burguês extremamente influente em Lisboa e Álvaro Gonçalves Camelo, um homem das Ordens Militares. Leonor Teles recusou a proposta, contudo esta proposta revelou a disponibilidade do Mestre de Avis e dos seus apoiantes em aceitar aquela aparente soberania nominal dos reis de Castela. Mas, como relatou o grande fidalgo e cronista castelhano Pero Lopez de Ayala: João I de Castela não dava importância ao tratado de Salvaterra, considerando que pelo facto de a esposa ser herdeira do trono ele tinha o direito a reinar plenamente sobre Portugal. Decidiu então entrar em Portugal, pela Guarda, nos finais de dezembro de 1383, numa nova violação ao tratado de Salvaterra e ainda antes de saber que o Mestre de Avis fora aclamado em Lisboa como Regedor e Defensor do Reino.

João I de Castela estava na Guarda, em janeiro, quando recebeu cartas de Leonor Teles a contar-lhe o sucedido e a pedir-lhe que se deslocasse a Santarém em seu socorro. Entretanto, a Rainha regente mandara, em meados de dezembro, aclamar a sua filha Beatriz (fonte: Crónica da Regência e do Reinado de D. João I, capítulo 67) por todo o reino como rainha e senhora de Portugal. Aqui as posições das duas forças já se extremavam. João I de Castela e muitos dos seus fidalgos, que não queriam cumprir de modo nenhum o tratado de Salvaterra, prepararam-se para remover o que pensavam ser o último obstáculo: a regência de Leonor Teles.

Do lado dos partidários do Mestre de Avis, apercebendo-se que o rei castelhano não estava disposto a contentar-se com uma pretensa soberania nominal, acabaram por perder as esperanças num possível entendimento na base do acordo de Salvaterra, chegando à conclusão de que seria necessário um novo e efetivo rei português. O Mestre de Avis, bastante menos popular que o seu meio-irmão João, entretanto preso em Castela, pensou então assumir a Regência e a Defesa do reino que a cidade de Lisboa lhe oferecia até que o irmão fosse livre para reinar em Portugal. A revolta desencadeada pelo pregão que anunciava a aclamação de Beatriz (o pregão dizia que o povo teria de a aclamar como sua senhora a rainha de Castela) espalha-se por vilas e cidades. 

Terminou aqui qualquer hipótese de alguma vez Beatriz vir a ser reconhecida pelos portugueses como rainha de Portugal (Crónica de el-rei D. João I, cap. XXVIII, ed. Civilização). Minho e Trás-os-Montes estavam então quase completamente dominados por alcaides que haviam prestado vassalagem a João I de Castela ou a Beatriz. Nas Beiras a maioria ficara na expectativa. Na Estremadura e no Alto Alentejo as forças pró-castelhanas e nacionais equilibravam-se. Quase todo o resto do Alentejo e o Algarve apoiavam o reino de Portugal. A grande epopeia da luta pela conservação da independência iria começar.


Beatriz de Portugal

Um Real de prata, com a efígie de D. Beatriz e os Brasões de Portugal e Castela no verso

Fundação Batalha de Aljubarrota

Nascimento de Nuno Álvares Pereira É legitimado por D. Pedro I A morte de D. Fernando e o início da Crise Casa com Leonor de Alvim Nuno Alvares Pereira toma partido do Mestre de Avis Campanha Militar - 1384 Início da Campanha de 1384 Em busca de provisões Combate naval no Tejo: Lisboa> Almada Diplomacia por Almada e conquista do Castelo A caminho de Entre Tejo e Guadiana Tentativa de arregimentar novos soldados na comarca de Évora O cerco de Monforte e Tomada do Castelo de Arronches Vence os castelhanos na Batalha dos Atoleiros. A Frota do Porto Combate na Ribeira de Alperrejão Tomada do Castelo de Monsaraz: Combate junto ao Guadiana Movimento para Ponte de Sôr O Cerco ao Fronteiro-Mor Novas ordens Combate e Reconquista de Almada O fim do Cerco de Lisboa Tomada do Castelo de Portel A conspiração contra o Mestre Insistência por Vila Viçosa Campanha Militar - 1385 O Condestável comanda as forças leais ao Mestre de Avis na Batalha Real (Batalha de Aljubarrota) A Batalha de Aljubarrota, vitória decisiva de Portugal; A célebre batalha de Valverde Campanha Militar - 1386 Campanha Militar - 1387 Começa a construção da capela de S. Jorge, em Aljubarrota. Começa a construção do Convento do Carmo, em Lisboa. Partilha com os companheiros de armas muitas das suas terras. Primeiros carmelitas vêm viver para o Convento do Carmo. O casamento entre o futuro duque de Bragança, D. Afonso, com a filha de D. Nuno, D. Beatriz Fim das hostilidades com Castela. Morre a filha, D. Beatriz. Projeta tornar-se carmelita. Participou da Conquista de Ceuta Reparte pelos netos os seus títulos e domínios. Ingressa no Convento do Carmo a 15 de agosto Morre, Nuno Alves Pereira Primeira trasladação dos restos mortais Segunda trasladação dos restos mortais As cortes pedem ao Papa Urbano VIII a sua beatificação. O pedido é renovado várias vezes ao longo dos anos. O terramoto de 1755 Terceira trasladação dos restos mortais Quarta trasladação dos restos mortais. O Papa Bento XV confirma o culto do Santo Condestável Início do Processo de Canonização Processo de Canonização suspenso Transladação dos restos mortais para a Igreja do Santo Condestável Reinício do processo de Canonização Anúncio da canonização Legado
Participou na tomada de Ceuta em 1415 - (D. Afonso, 1.º Duque de Bragança) Participou na expedição a Tânger em 1437 - (D. Fernando I, 2.º Duque de Bragança) Foi Governador de Ceuta em 1438 - (D. Fernando I, 2.º Duque de Bragança) Foi Governador de Ceuta em 1447 - (D. Fernando I, 2.º Duque de Bragança) Participou na Batalha de Alfarrobeira ao lado de D. Afonso V, em 1449 - (D. Afonso, 1.º Duque de Bragança) Foi regente do Reino em 1458 - (D. Afonso, 1.º Duque de Bragança) Foi Regente do Reino em 1471 - (D. Fernando I, 2.º Duque de Bragança) Pela sua participação na conjura contra D. João II, foi executado em Évora, em 1483 - (D. Fernando II, 3.º Duque de Bragança) D. Manuel devolveu-lhe os títulos e terras confiscados por D. João II - (D. Jaime I, 4.º Duque de Bragança) Custeou a expedição que conquistou Azamor, em Marrocos, em 1513 - (D. Jaime I, 4.º Duque de Bragança) Nomeado condestável do reino (1535) na ausência do Infante D. Luís - (D. Teodósio I, 5.º Duque de Bragança) Foi escolhido para padrinho do Infante D. Dinis, filho de D. João III (1535) - (D. Teodósio I, 5.º Duque de Bragança) Nomeado Fronteiro-Mor das Províncias do Minho e Trás-os-Montes (1540) - (D. Teodósio I, 5.º Duque de Bragança) Acompanhou a Infanta D. Maria à raia para ser entregue ao Príncipe D. Filipe, herdeiro da coroa em Castela (1543) - (D. Teodósio I, 5.º Duque de Bragança) Enviou 400 cavalos em socorro de Safim - (D. Teodósio I, 5.º Duque de Bragança) Nomeado para comandar o exército de socorro a Mazagão, jornada que não se concretizou porque os mouros levantaram o cerco - (D. Teodósio I, 5.º Duque de Bragança) Esteve presente na aclamação de D. Sebastião como rei - (D. Teodósio I, 5.º Duque de Bragança) Acompanhou D. Sebastião a África em 1574 - (D. João I, 6.º Duque de Bragança) Participou na batalha de Alcácer-Quibir, tendo sido feito prisioneiro - (D. Teodósio II, 7.º Duque de Bragança) Defendeu a pretensão da rainha D. Catarina ao trono após a morte do Cardeal-Rei D. Henrique - (D. João I, 6.º Duque de Bragança) Regressou a Portugal em 1580 - (D. Teodósio II, 7.º Duque de Bragança) Instituiu o Conselho de Guerra em 1640 e organizou a defesa de Portugal contra Espanha, tanto na metrópole como na América, África e Ásia Foi aclamado rei em 15 de Dezembro de 1640 - (D. João II, 8.º Duque de Bragança, IV dos Reis de Portugal) Nascimento do Dom Pedro I