Fernando II (nome completo em alemão: Ferdinand August Franz Anton von Sachsen-Coburg und Gotha; Viena, 29 de outubro de 1816 – Lisboa, 15 de dezembro de 1885) foi o segundo marido da rainha D. Maria II e Príncipe Consorte de Portugal, reinando entre de 1836 até 1837, altura em que se tornou Rei de Portugal e dos Algarves por direito da sua esposa. Era o filho mais velho do príncipe Fernando de Saxe-Coburgo-Gota e da sua esposa, a princesa Maria Antónia de Koháry.
Fernando casou-se com D. Maria em 1836, tornando-se príncipe consorte de Portugal. Em conformidade com a lei portuguesa da época, D. Fernando apenas seria rei com a sua esposa após o nascimento do seu primeiro filho, que nasceria um ano depois, o futuro rei D. Pedro V.
D. Maria morreu em 1853 e Fernando serviu assim como regente de D. Pedro até 1855. Evitou envolver-se na política, deixando sempre os assuntos de estado para a sua esposa.
Como amante das belas artes, focou-se durante toda a sua vida nas artes, o que lhe valeu o apelido de "o Rei Artista".
Fernando II
Assinatura
Família
Foi o primogénito do príncipe Fernando de Saxe-Coburgo-Gota, irmão do duque Ernesto I e do rei Leopoldo I dos Belgas, e da sua esposa, Maria Antónia de Koháry. Teve três irmãos mais novos: Augusto, Vitória e Leopoldo.
Durante a infância o príncipe cresceu em várias terras pertencentes à sua família na atual Eslováquia e nas cortes austríaca e germânica.
Rei de Portugal
Em 1835, como D. Maria II enviuvou meses depois do seu primeiro casamento com o príncipe Augusto de Beauharnais, D. Fernando foi escolhido para novo esposo da soberana.
As negociações do casamento foram dirigidas por D. Francisco de Almeida Portugal, Conde de Lavradio, tendo o contrato matrimonial sido assinado em 1 de Dezembro de 1835, com o barão de Carlowit em representação do duque reinante de Saxe-Coburgo, e o barão de Stockmar em representação do príncipe Fernando, seu pai.
A 1 de Janeiro de 1836, casou-se com D. Maria II por procuração, e assinou o decreto nomeando D. Fernando marechal-general do Exército, posto reservado ao próprio Rei, na sua função de Comandante Supremo do Exército.
D. Fernando partiu de Coburgo, atravessou a Bélgica, e embarcou em Oostende para Lisboa, onde chegou a 8 de Abril. A cerimónia do casamento realizou-se no dia seguinte. A nomeação de D. Fernando enquanto marechal-general gerou polémica entre os liberais mas, uma vez que essa dignidade já houvera sido conferida ao príncipe D. Augusto, o governo não podia deixar de comprometer-se com a rainha.
De acordo com a lei Portuguesa, enquanto marido da rainha reinante, D. Fernando só poderia receber o título de rei após o nascimento do primeiro herdeiro (foi por este motivo que o primeiro marido da rainha, Augusto de Beauharnais, nunca foi rei) D. Fernando foi, portanto, príncipe de Portugal até ao nascimento do futuro D. Pedro V em 1837.
Foi eleito, a 4 de Maio de 1836, presidente da Academia Real das Ciências.
D. Fernando II em 1852
D. Fernando evitou envolver-se no panorama político, preferindo dedicar-se às artes. Por ocasião da fundação da Academia de Belas-Artes de Lisboa a 25 de outubro de 1836, D. Fernando e a rainha declararam-se seus protetores.
Após uma visita ao Mosteiro da Batalha (que se encontrava abandonado, depois da extinção das ordens religiosas), D. Fernando passou a dedicar parte das suas preocupações à causas de cariz nacionalista com a proteção do património arquitetónico português edificado, tendo também impulsionado aspetos culturais e financeiros, a par do estímulo à ação desenvolvida pelas sociedades eruditas, como projetos de restauração e manutenção respeitantes não só à vila da Batalha, mas também ao Convento de Mafra, Convento de Cristo, em Tomar, ao Mosteiro dos Jerónimos, Sé de Lisboa, e Torre de Belém.
Como amante de pintura que era, colaborou com algumas gravuras da sua autoria, na Revista Contemporânea de Portugal e Brasil (1859-1865).
Os princípes Augusto e Fernando, enquanto crianças (c. 1824).
Segundo casamento
Em 1869, D. Fernando casou-se pela segunda vez, com Elise Hensler, depois tornada Condessa d'Edla, que era uma cantora de ópera e mãe solteira, a quem viria a deixar como herança o Palácio da Pena, cuja construção foi da sua inteira responsabilidade, sendo entregue ao engenheiro alemão Wilhelm Ludwig von Eschwege que realizou projeto.
Tronos grego e espanhol
Em 1862, depois de uma revolta na Grécia contra o rei Oto I, D. Fernando II foi convidado a subir ao trono grego, proposta que recusou.
Em 1868, com a revolução que expulsou a rainha Isabel II da Espanha e toda a sua família, e o governo provisório espanhol, não se desejando estabelecer uma república, ofereceram a coroa a D. Fernando II, então com quarenta e nove anos, proposta que D. Fernando também rejeitou.
Morte
Pouco antes da sua morte D. Fernando começou a sofrer de uma dolorosa enfermidade a que não resistiu, o seu corpo jaz ao lado de D. Maria II, sua primeira esposa, no Panteão Real da Dinastia de Bragança, no Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa.
D. Fernando II e Elise Hensler
D. Fernando II, por Manuel Maria Bordalo Pinheiro
Títulos, estilos e honrarias
Títulos e estilos
29 de outubro de 1816 – 12 de novembro de 1826: "Sua Alteza Sereníssima, Príncipe Fernando de Saxe-Coburgo-Saalfeld"
12 de novembro de 1826 – 1 de janeiro de 1836: "Sua Alteza Sereníssima, Príncipe Fernando de Saxe-Coburgo-Gota"
1 de janeiro de 1836 – 16 de setembro de 1837: "Sua Alteza Real, o Príncipe Consorte"
16 de setembro de 1837 – 15 de novembro de 1853: "Sua Majestade Fidelíssima, o Rei"
15 de novembro de 1853 – 15 de dezembro de 1885: "Sua Majestade Fidelíssima", o Rei D. Fernando II"
O estilo oficial de D. Fernando II enquanto Rei de Portugal: "Pela Graça de Deus, Fernando II, Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc."
Honrarias
Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo
Grã-Cruz da Ordem Militar de Avis
Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada
Grã-Cruz da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa
Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito
Medalha Militar de Bons Serviços (Grau Ouro)
Cavaleiro da Ordem do Tosão de Ouro, de Espanha
Cavaleiro da Ordem Suprema da Santíssima Anunciação, da Sardenha
Grã-Cruz da Ordem de Ernesto Pio, de Saxe-Coburgo-Gotha
Grã-Cruz da Ordem de Santo Estêvão, da Áustria
Grã-Cruz da Imperial Ordem do Cruzeiro, do Brasil
Grã-Cruz da Imperial Ordem de Pedro Primeiro, do Brasil
Grã-Cruz da Imperial Ordem da Rosa, do Brasil
Grã-Cruz da Ordem de Leopoldo, da Bélgica
Grã-Cruz da Ordem da Coroa, da Saxónia
Grã-Cruz da Ordem do Rei Frederico Augusto, da Saxónia
Grã-Cruz da Ordem da Águia Negra, da Prússia
Grã-Cruz da Ordem da Águia Vermelha, da Prússia
Grã-Cruz da Ordem de Santo Alexandre Nevsky, da Rússia
Grã-Cruz da Ordem de Santo André, da Rússia
Grã-Cruz da Ordem de Santa Ana, da Rússia
Grã-Cruz da Ordem da Águia Branca, da Rússia
Grã-Cruz da Ordem da Legião de Honra, de França
Grã-Cruz da Ordem do Elefante, da Dinamarca
Grã-Cruz da Ordem do Leão Neerlandês, dos Países Baixos
Grã-Cruz da Ordem dos Serafins, da Suécia
Grã-Cruz da Ordem de São Fernando, de Nápoles
Fernando II - Brasão