Fundação Batalha de Aljubarrota

Os Eventos do Mundo

Peste negra

Peste negra (ou Morte negra) é o nome pela qual ficou conhecida uma das mais devastadoras pandemias na história humana, e que resultou na morte de 75 a 200 milhões de pessoas na Eurásia. Estima-se que só no continente europeu tenha vitimado pelo menos um terço da população em geral, sendo o auge da peste terá sucedido entre os anos de 1346 e 1353. A doença era causada pela bactéria Yersinia pestis e transmitida ao ser humano através das pulgas (Xenopsylla cheopis) dos ratos-pretos (Rattus rattus) ou outros roedores.

Acredita-se que a peste tenha surgido nas planícies áridas da Ásia Central e que se foi espalhando principalmente pela rota da seda, alcançando a Crimeia em 1343. No total, a praga pode ter reduzido a população mundial, na altura à volta de 450 milhões de pessoas, para 350–375 milhões em meados de século XIV. A população humana não retornou aos níveis pré-peste até ao século XVII. A peste negra continuou a aparecer de forma intermitente e em pequena escala pela Europa até praticamente desaparecer do continente no começo do século XIX.

As populações de alguns roedores das pradarias viviam em grande número em conjuntos de galerias subterrâneas que comunicavam umas com as outras. O número de indivíduos nestas comunidades permitia à peste estabelecer-se porque existia um constante nascimento de crias, fomentando a sua manutenção endémica. A peste atacava por epidemias. Nas comunidades, a peste infetava todos os indivíduos suscetíveis até só restarem os mortos e os imunes. Só após uma nova geração não imune ter surgido e se tornar na maioria, a peste regrediu. 

A peste negra gerou vários impactos e consequências religiosas, sociais e económicas, afetando drasticamente o curso da história europeia.

Infeção inicial

A condição inicial para o estabelecimento da peste foi a invasão da Europa pelo rato preto indiano Rattus rattus (hoje muito raro). O rato preto não trouxe a peste para a Europa, mas os seus hábitos mais domesticados e mais próximos das pessoas criaram condições para a rápida transmissão da doença. A sua substituição pelo Rattus norvegicus, cinzento e muito mais tímido, foi certamente importante no declínio das epidemias de peste na Europa a partir do século XVIII.

A peste foi certamente disseminada pelos mongóis, que criaram um império na estepe no final do século XIII. Gêngis Khan, com as suas hordas de nómadas mongóis, conquistou toda a estepe da Eurásia setentrional, da Ucrânia até à Manchúria. Teriam sido os mongóis que, após a conquista da China, terão sido infetados na região a sul dos Himalaias pela peste, já que essa região albergava um dos mais antigos reservatórios de roedores infetados endemicamente.

Os guerreiros mongóis teriam infetado as populações de roedores das planícies da Eurásia, da Manchúria à Ucrânia, cujos reservatórios de roedores infetados endemicamente ainda existem hoje. Os ratos pretos das cidades e do campo da Europa ocidental não são suficientemente numerosos ou aglomerados em grandes comunidades para serem afetados endemicamente e terão sido afetados pela epidemia do mesmo modo que as pessoas, morrendo em grandes quantidades até acabarem os indivíduos suscetíveis, ocorrendo nova epidemia quando surgia uma nova geração. 

Deste modo explica-se que, ao contrário de qualquer época precedente, a peste tenha surgido em quase todas as gerações na Europa após o século XIV: estava estabelecido um reservatório da infeção às portas da Europa, na Ucrânia (onde de facto se registaram as epidemias mais frequentes). É também por esta razão que se explica o facto da peste ter atingido simultaneamente a Europa, a China e o Médio Oriente, já que as caravanas da Rota da Seda facilmente comunicavam a doença a estas regiões limítrofes da estepe.

A Peste

A peste na Europa

A peste responsável pela epidemia do século XIV surge durante o cerco à colónia genovesa de Caffa, na Crimeia pelos mongóis do Horda Dourada comandados pelo cã Jani Beg. Após dois anos de cerco, surgiu uma epidemia de peste entre os sitiantes, que os obrigou a retirar, mas antes disso catapultaram cadáveres infetados para o interior das muralhas. Na cidade morreram tantos habitantes que tiveram de ser queimados em piras, já que não havia mão de obra suficiente para enterrá-los. Vários navios genoveses fugiram da peste, chegando a diversos portos europeus com os porões cheios dos cadáveres dos marinheiros. A transmissão terá sido feita pelos ratos pretos de Caffa, que a transmitiram pelas suas pulgas infetadas aos ratos destas cidades. Assim se explica que apesar de algumas cidades terem recusado os navios, tenham sido infetadas igualmente, já que os ratos escapavam pelas cordas da atracagem.

A primeira cidade infetada pelos navios genoveses foi Constantinopla, em maio de 1347. Seguiu-se Messina, no fim de setembro, Génova e Marselha em novembro. A epidemia chega a Pisa a 1 de janeiro de 1348 e nesse mesmo mês atinge Spalato (Split), Sebenico (Šibenik) e Ragusa (Dubrovnik), de onde passou para Veneza, onde chegou a 25 de janeiro. Em menos de um ano todas as costas mediterrânicas estavam infetadas.

Assim descreve Bocaccio os sintomas: "Apareciam, no começo, tanto em homens como nas mulheres, ou na virilha ou nas axilas, algumas inchações. Algumas destas cresciam como maçãs, outras como um ovo; cresciam umas mais, outras menos; chamava-as o povo de bubões. Em seguida o aspecto da doença começou a alterar-se; começou a colocar manchas de cor negra ou lívidas nos enfermos. Tais manchas estavam nos braços, nas coxas e em outros lugares do corpo. Em algumas pessoas as manchas apareciam grandes e esparsas; em outras eram pequenas e abundantes. E, do mesmo modo como, a princípio, o bubão fora e ainda era indício inevitável de morte, também as manchas passaram a ser mortais".

Uma das maiores dificuldades era dar sepultura aos mortos:

"Para dar sepultura à grande quantidade de corpos já não era suficiente a terra sagrada junto às igrejas; por isso passaram-se a edificar igrejas nos cemitérios; punham-se nessas igrejas, às centenas, os cadáveres que iam chegando; e eles eram empilhados como as mercadorias nos navios".

Progressão anual da peste negra na Europa no século XIV. A cor verde indica as zonas pouco atingidas.

Em Avinhão, em França, vivia Guy de Chauliac, o mais famoso cirurgião dessa época, médico do papa Clemente VI, sobreviveu à peste e deixou o seguinte relato:

“ A grande mortandade teve início em Avinhão em janeiro de 1348. A epidemia se apresentou de duas maneiras. Nos primeiros dois meses manifestava-se com febre e expectoração sanguinolenta e os doentes morriam em três dias; decorrido esse tempo manifestou-se com febre contínua e inchação nas axilas e nas virilhas e os doentes morriam em 5 dias. Era tão contagiosa que se propagava rapidamente de uma pessoa a outra; o pai não ia ver seu filho nem o filho a seu pai; a caridade desaparecera por completo". E continua: Não se sabia qual a causa desta grande mortandade. Em alguns lugares pensava-se que os judeus haviam envenenado o mundo e por isso os mataram. ”

No meio de tanto desespero e irracionalidade, existiram alguns episódios edificantes. Muitos médicos dispuseram-se a atender os pestilentos colocando em risco a própria vida. Adotavam para isso roupas e máscaras especiais. Alguns deles evitavam aproximar-se dos enfermos. Prescreviam à distância e lancetavam os bubões com facas até 1,80 m de comprimento.

Da península Itálica, espalhou-se através da Europa, atingindo a Grã-Bretanha e Portugal em 1348 e, na Escandinávia, em 1350. Algumas zonas foram inexplicavelmente poupadas, como Milão e a Polónia.

Médico da Peste com fato e máscara "protetora" antipeste, este modelo é muitas vezes associado à época.

Portugal

Em Portugal, a peste chegou no outono de 1348. Matou entre um terço e metade da população, segundo as estimativas mais credíveis, levando a nação ao caos. Foram inclusivamente convocadas as Cortes em 1352 para restaurar a ordem.

Um dos efeitos indiretos da peste em Portugal seria a revolução após o reinado de D. Fernando (Crise de 1383-1385). Este interregno, mais que uma guerra civil pela escolha de novo rei, terá antes sido a luta da nova classe de pequena nobreza e burguesia que subira a escada social aproveitando as oportunidades após os desequilíbrios sociais provocados pela peste, contra o "antigo regime" desacreditado, a enfraquecida e esclerótica alta nobreza que presidira à catástrofe e cujos titulares, nascidos e criados nos anos da doença, não terão adquirido as capacidades necessárias à governação eficaz. De facto esta elite da alta nobreza, clero e Casa Real, terá respondido à substancial perda de rendimentos e aumento de custos de mão de obra devido à peste com maior autoritarismo e tirania. Assim se explicou a tendência desta frágil alta nobreza de se aliar com a sua também atacada congénere castelhana.

A peste, que nunca antes existira na Península Ibérica, voltou a Portugal várias vezes até ao final do século XVII ou seja sempre que nasciam suficientes novos hóspedes não imunes. Nenhuma foi nem remotamente tão devastadora como a primeira, mas a Grande Peste de Lisboa em 1569 terá matado 600 pessoas por dia, ao todo 60 000 habitantes da cidade terão sucumbido. A última grande epidemia foi em 1650. No entanto, no seguimento da terceira pandemia (ver à frente), a peste foi importada para o Porto em 1899 do Oriente (provavelmente de Macau onde grassou desde 1895 até ao final do século). A epidemia do Porto foi estudada por Ricardo Jorge, que instituiu as medidas de Saúde Pública necessárias e que a conseguiram limitar.

Flagelantes: movimento religioso místico que surgiu como reacção à peste.

Recorrência

A doença voltou, a cada geração, à Europa até ao início do século XVIII. Cada epidemia matava os indivíduos suscetíveis, deixando os restantes imunes. Só quando uma nova geração não imune crescia é que havia novamente suficiente número de pessoas vulneráveis para a infeção se propagar. No entanto nenhuma destas epidemias foi tão mortal como a primeira, devido às modificações de comportamento e à eliminação dos genes (como alguns do MHC- ver sistema imunitário) que davam especial suscetibilidade aos seus portadores. Epidemias notáveis foram a Peste Espanhola de 1596-1602, que matou quase um milhão de espanhóis, a Peste italiana de 1629-1631, a Grande Praga de Londres de 1664-1665 e a Grande Peste de Viena em 1679.

A peste londrina foi a última naquela cidade. O Grande fogo de Londres logo no ano seguinte, em 1666 queimou completamente as casas de madeira e telhados de colmo comuns até então e novos materiais como a pedra, os tijolos e as telhas passaram a ser usados na construção das novas casas, contribuindo para afastar os ratos das habitações. O mesmo processo, aliado a melhores condições de higiene e à substituição do rato preto pelo rato cinzento (Rattus norvegicus, que evita as pessoas) e à resistência genética crescente das populações, contribuíram para o declínio contínuo das epidemias de peste na Europa.

Judeus queimados vivos Crónica de Nuremberg, 1493

A peste na China

As primeiras descrições da peste na China relataram os casos ocorridos em 1334 na província de Hubei, aparentemente casos limitados. Entre 1353 e 1354, com a China sob domínio dos mongóis, uma epidemia muito mais extensa ocorreu, nas províncias de Hubei, Jiangxi, Shanxi, Hunan, Guangdong (Cantão), Guangxi e Henan. Os autores da época estimaram, talvez exageradamente, que de um terço a dois terços da população da China teria sucumbido, em algumas regiões mais de 90% da população.

A peste no Médio Oriente

A doença entrou na região pelo sul da estepe, atual Rússia, em 1347. As tropas regressavam a Bagdade após campanha militar na estepe do Azerbaijão. No final de 1348 já estava no Egito, Palestina e Antioquia, espalhando a morte. Meca foi infetada em 1349, sendo a doença trazida pelos peregrinos durante o Haje, e depois o Iémen em 1351. Matou cerca de um quarto da população da época.

A terceira epidemia

A terceira epidemia ocorreu no século XIX, mas a sua disseminação foi efectivamente travada pelos esforços das equipes sanitárias.

Iniciou-se provavelmente na estepe da Manchúria, onde as marmotas infectadas foram caçadas em grandes números pelos imigrantes chineses que as vendiam aos ocidentais para produzir casacos. A partir de 1855 espalhou-se por toda a China, ameaçando os europeus de Hong-Kong em 1894, o que levou ao envio de equipas de médicos e bacteriologistas para a região. No entanto foi impossível evitar a sua disseminação por navios para portos em todo o mundo, incluindo na Europa e Califórnia. Terá sido nesta altura que os roedores selvagens das pradarias americanas e do Brasil foram infectados.

Esta pandemia matou 12 milhões de pessoas na China e Índia.

Fundação Batalha de Aljubarrota

Nascimento de Nuno Álvares Pereira É legitimado por D. Pedro I A morte de D. Fernando e o início da Crise Casa com Leonor de Alvim Nuno Alvares Pereira toma partido do Mestre de Avis Campanha Militar - 1384 Início da Campanha de 1384 Em busca de provisões Combate naval no Tejo: Lisboa> Almada Diplomacia por Almada e conquista do Castelo A caminho de Entre Tejo e Guadiana Tentativa de arregimentar novos soldados na comarca de Évora O cerco de Monforte e Tomada do Castelo de Arronches Vence os castelhanos na Batalha dos Atoleiros. A Frota do Porto Combate na Ribeira de Alperrejão Tomada do Castelo de Monsaraz: Combate junto ao Guadiana Movimento para Ponte de Sôr O Cerco ao Fronteiro-Mor Novas ordens Combate e Reconquista de Almada O fim do Cerco de Lisboa Tomada do Castelo de Portel A conspiração contra o Mestre Insistência por Vila Viçosa Campanha Militar - 1385 O Condestável comanda as forças leais ao Mestre de Avis na Batalha Real (Batalha de Aljubarrota) A Batalha de Aljubarrota, vitória decisiva de Portugal; A célebre batalha de Valverde Campanha Militar - 1386 Campanha Militar - 1387 Começa a construção da capela de S. Jorge, em Aljubarrota. Começa a construção do Convento do Carmo, em Lisboa. Partilha com os companheiros de armas muitas das suas terras. Primeiros carmelitas vêm viver para o Convento do Carmo. O casamento entre o futuro duque de Bragança, D. Afonso, com a filha de D. Nuno, D. Beatriz Fim das hostilidades com Castela. Morre a filha, D. Beatriz. Projeta tornar-se carmelita. Participou da Conquista de Ceuta Reparte pelos netos os seus títulos e domínios. Ingressa no Convento do Carmo a 15 de agosto Morre, Nuno Alves Pereira Primeira trasladação dos restos mortais Segunda trasladação dos restos mortais As cortes pedem ao Papa Urbano VIII a sua beatificação. O pedido é renovado várias vezes ao longo dos anos. O terramoto de 1755 Terceira trasladação dos restos mortais Quarta trasladação dos restos mortais. O Papa Bento XV confirma o culto do Santo Condestável Início do Processo de Canonização Processo de Canonização suspenso Transladação dos restos mortais para a Igreja do Santo Condestável Reinício do processo de Canonização Anúncio da canonização Legado
Participou na tomada de Ceuta em 1415 - (D. Afonso, 1.º Duque de Bragança) Participou na expedição a Tânger em 1437 - (D. Fernando I, 2.º Duque de Bragança) Foi Governador de Ceuta em 1438 - (D. Fernando I, 2.º Duque de Bragança) Foi Governador de Ceuta em 1447 - (D. Fernando I, 2.º Duque de Bragança) Participou na Batalha de Alfarrobeira ao lado de D. Afonso V, em 1449 - (D. Afonso, 1.º Duque de Bragança) Foi regente do Reino em 1458 - (D. Afonso, 1.º Duque de Bragança) Foi Regente do Reino em 1471 - (D. Fernando I, 2.º Duque de Bragança) Pela sua participação na conjura contra D. João II, foi executado em Évora, em 1483 - (D. Fernando II, 3.º Duque de Bragança) D. Manuel devolveu-lhe os títulos e terras confiscados por D. João II - (D. Jaime I, 4.º Duque de Bragança) Custeou a expedição que conquistou Azamor, em Marrocos, em 1513 - (D. Jaime I, 4.º Duque de Bragança) Nomeado condestável do reino (1535) na ausência do Infante D. Luís - (D. Teodósio I, 5.º Duque de Bragança) Foi escolhido para padrinho do Infante D. Dinis, filho de D. João III (1535) - (D. Teodósio I, 5.º Duque de Bragança) Nomeado Fronteiro-Mor das Províncias do Minho e Trás-os-Montes (1540) - (D. Teodósio I, 5.º Duque de Bragança) Acompanhou a Infanta D. Maria à raia para ser entregue ao Príncipe D. Filipe, herdeiro da coroa em Castela (1543) - (D. Teodósio I, 5.º Duque de Bragança) Enviou 400 cavalos em socorro de Safim - (D. Teodósio I, 5.º Duque de Bragança) Nomeado para comandar o exército de socorro a Mazagão, jornada que não se concretizou porque os mouros levantaram o cerco - (D. Teodósio I, 5.º Duque de Bragança) Esteve presente na aclamação de D. Sebastião como rei - (D. Teodósio I, 5.º Duque de Bragança) Acompanhou D. Sebastião a África em 1574 - (D. João I, 6.º Duque de Bragança) Participou na batalha de Alcácer-Quibir, tendo sido feito prisioneiro - (D. Teodósio II, 7.º Duque de Bragança) Defendeu a pretensão da rainha D. Catarina ao trono após a morte do Cardeal-Rei D. Henrique - (D. João I, 6.º Duque de Bragança) Regressou a Portugal em 1580 - (D. Teodósio II, 7.º Duque de Bragança) Instituiu o Conselho de Guerra em 1640 e organizou a defesa de Portugal contra Espanha, tanto na metrópole como na América, África e Ásia Foi aclamado rei em 15 de Dezembro de 1640 - (D. João II, 8.º Duque de Bragança, IV dos Reis de Portugal) Nascimento do Dom Pedro I