A conquista de Ceuta, cidade islâmica do Norte de África, por tropas portuguesas sob o comando de João I de Portugal, deu-se a 21 de agosto de 1415.
Os motivos
As causas e origens da conquista de Ceuta não são suficientemente claras: uma das razões poderá ter sido a causa bélica. Teria sido a oportunidade dos infantes D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique serem armados cavaleiros por um feito de guerra. Outra, poderá ser a causa religiosa, defendida por historiadores como Joaquim Bensaúde (1859-1951). Viram na figura do infante D. Henrique um símbolo do espírito de cruzada, defendendo ter havido na génese da expansão um zelo religioso. A causa política também não pode ser excluída. Talvez tivesse sido uma manobra de antecipação às aspirações de Castela, tal como defendem alguns historiadores, como é o caso de Jaime Cortesão (1884-1960). Estes motivos não são incompatíveis com a causa económica, defendida por António Sérgio (1883-1969) e, mais recentemente, por Vitorino Magalhães Godinho (1918-2011). Ceuta era uma cidade rica e havia vantagem em canalizar para Lisboa o tráfego do Mediterrâneo Ocidental feito por aquela cidade. Para se informar de todos os pormenores da cidade, D. João I enviou à Sicília dois embaixadores com o pretexto de pedirem a mão da rainha para o infante D. Pedro. Estes, na passagem, colheram todas as informações sobre Ceuta.
Causas
Estas são consideradas as principais razões da conquista de Ceuta:
Geoeconómicas: a posição geográfica de Ceuta permitia controlar a entrada e saída dos navios vindos do Atlântico para o Mediterrâneo e vice-versa através do estreito de Gibraltar, de modo que a costa do Algarve parasse de ser atacada por piratas oriundos ou baseados na cidade muçulmana.
Religiosas: havia um desejo de expansão da fé cristã através do incremento de territórios onde o cristianismo pudesse ser implantado.
Sociais: as classes mais abastadas tinham vários interesses nesta conquista. A nobreza buscava novas terras, honras e rendas; o clero desejava expandir a fé cristã; e a burguesia estava à procura de novos produtos e mercados.
Económicas: Portugal sofria com a falta de diversos produtos como trigo, ouro, prata e especiarias. A conquista de Ceuta significaria para o reino português o controle sobre uma cidade para onde afluíam os produtos orientais vindos da Índia pelas rotas caravaneiras que traziam ouro, especiarias, entre outros bens. Sublinhe-se ainda que a cidade era uma zona fértil, apropriada para a produção de cereais.
Políticas: o reino português procurava aumentar sua importância no quadro das monarquias ibéricas através do estabelecimento de Ceuta como o ponto mais oriental da reconquista cristã a ser feita por Portugal no Norte da África.
Painel de azulejos de Jorge Colaço (1864 - 1942) na Estação de São Bento, no Porto: o Infante D. Hen.rique