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Joana d'Arc

Joana d'Arc em francês: Jeanne d'Arc, AFI: [ʒan daʁk]; em italiano: Giovanna D'Arco; ca. 1412 – 30 de maio de 1431), cognominada "A Donzela de Orléans" (em francês: La Pucelle d'Orléans) e também conhecida como Joana d'Arc, a ruiva (em francês: Jeanne d'Arc, la rousse) é uma heroína francesa e santa da Igreja Católica. É a santa padroeira da França e foi chefe militar da Guerra dos Cem Anos, durante a qual tomou partido pelos Armagnacs, na longa luta contra os Borguinhões e seus aliados ingleses. Foi executada na fogueira, num auto de fé pelos Borguinhões em 1431. Camponesa, modesta e analfabeta, foi uma mártir francesa e também heroína do seu povo, reabilitada 25 anos após sua morte, em 1456, pelo Papa Calisto III, por considerar o seu processo inválido e canonizada em 1920, pelo papa Bento XV.

Segundo a escritora Irène Kuhn, Joana d'Arc foi esquecida pela história até ao século XIX, conhecido como o século do nacionalismo, o que pode confirmar as teorias de Ernest Gellner. Irène Kuhn escreveu que foi apenas no século XIX que a França redescobriu esta personagem trágica. François Villon, nascido em 1431, no ano de sua morte, evoca a sua lembrança na Ballade des dames du temps jadis ou seja, Balada das damas do tempo passado:

Et Jeanne, la bonne Lorraine

Qu'Anglais brûlèrent à Rouen;

Où sont-ils, où, Vierge souvraine?

Mais où sont les neiges d'antan?

E Joana, a boa Lorena

Que os ingleses queimaram em Ruão;

Onde eles estão, onde, Virgem soberana?

Mas onde estão as neves de antanho?

Shakespeare retratou-a como uma feiticeira na peça Henrique VI; Voltaire escreveu um poema satírico, pseudo ensaio histórico, em que a ridicularizava, intitulado La Pucelle d´Orléans ou "A Donzela de Orléans".

Depois da Revolução Francesa, o partido monárquico reavivou a lembrança da boa lorena, que jamais desistiu do seu rei. Joana foi recuperada pelos profetas da "França eterna", em primeiro lugar pelo grande historiador romântico Jules Michelet. Com o romantismo, o alemão Schiller fez dela a heroína da sua peça de teatro Die Jungfrau von Orléans, publicada em 1801. Em 1870, quando França foi derrotada pela Alemanha, evento que levou à ocupação da Alsácia e da Lorena pelas tropas alemãs, "Jeanne, a pequena pastora de Domrémy, um pouco ingénua", tornou-se a heroína do sentimento patriótico francês. Republicanos e nacionalistas exaltaram aquela que deu a sua vida pela pátria. Durante a primeira fase da Terceira República, no entanto, o culto a Joana d'Arc esteve associado à direita monarquista, da qual era um dos símbolos, como o rei Henrique IV, sendo todavia mal vista pelos republicanos.

A Igreja Católica francesa propôs ao Papa Pio X a sua beatificação, que se realizou em 1909, num período dominado pela exaltação do nacionalismo e pelo repúdio ao não nacional, principalmente ao que provinha de Inglaterra ou da Alemanha. O gesto do Papa teve como propósito político fazer a Igreja de França entrar em sintonia política com os dirigentes anticlericais da III República, e só com a Primeira Guerra Mundial, de 1914 a 1918, Joana deixou de ser uma heroína exclusiva da direita. Segundo Irène Kuhn, a partir desse período os "postais patrióticos" mostraram Jeanne à cabeça dos exércitos e monumentos à sua pessoa apareceram um pouco por toda a França. O Parlamento francês estabeleceu uma festa nacional em sua honra no 2º domingo de maio.

A 9 de maio de 1920, cerca de 500 anos depois da sua morte, Joana d'Arc foi definitivamente reabilitada, sendo canonizada pelo Papa Bento XV, como Santa Joana d'Arc. A canonização traduzia o desejo da Santa Sé em estabelecer os laços com a França republicana, laica e nacionalista. Em 1922 foi declarada padroeira de França.

Santa Joana d'Arc

Primeiros anos

Joana nasceu em Domrémy, na região de Lorena na França. Posteriormente a cidade foi renomeada como Domrémy-la-Pucelle em sua homenagem (pucelle; donzela em português). A data de seu nascimento é imprecisa, de acordo com o seu interrogatório a 24 de fevereiro de 1431, Joana teria dito que na época tinha 19 anos portanto teria provavelmente nascido em 1412. Joana declarou uma vez que, quando perguntada sobre sua idade, "tenho 19 anos, mais ou menos.

Filha de Jacques d'Arc e Isabelle Romée, tinha mais quatro irmãos: Jacques, Catherine, Jean e Pierre, sendo ela a mais nova dos irmãos. Os seus pais eram agricultores e artesãos. Joana era muito religiosa, ia muito à igreja e frequentemente fugia do campo para ir orar para a igreja da sua cidade.

No seu julgamento,  afirmou que desde os treze anos ouvia vozes divinas. Segundo ela, a primeira vez que escutou a voz, ela vinha da igreja e acompanhada de claridade e de uma sensação de medo. Dizia que às vezes não a entendia muito bem e que as ouvia duas ou três vezes por semana. Entre as mensagens que ela entendeu estavam conselhos para frequentar a igreja, que deveria ir a Paris e que deveria levantar o domínio que havia na cidade de Orléans. Posteriormente ela identificaria as vozes como sendo do arcanjo São Miguel, Santa Catarina de Alexandria e Santa Margarida de Antioquia.

Pintura da aparição de São Miguel Arcanjo e de Santa Catarina de Alexandria à jovem Joana d'Arc.

A Guerra dos Cem Anos

Desde que o Duque da Normandia, Guilherme, o Conquistador, se apoderou de Inglaterra em 1066, os monarcas ingleses passaram a controlar as extensas terras no território francês. Com o tempo, passaram a ter vários ducados franceses: Aquitânia, Gasconha, Poitou, Normandia, entre outros. Os duques, apesar de vassalos do rei francês, acabaram seus rivais.

Quando França tentou recuperar os territórios perdidos para a Inglaterra, originou-se um dos mais longos e sangrentos conflitos da história da humanidade: a Guerra dos Cem Anos, que durou na realidade 116 anos e que provocou milhões de mortes e a destruição de quase toda a França setentrional.

O início da guerra aconteceu em 1337. Os interesses mais que evidentes de unificar as coroas concretizaram-se na morte do rei francês Carlos IV em 1328. Filipe VI, sucessor graças à lei sálica (Carlos IV não tinha descendentes masculinos), proclamou-se rei da França a 27 de maio de 1328.

Felipe VI reclamou em 1337 o feudo da Gasconha ao rei inglês Eduardo III e no dia 1 de novembro este respondeu quedando-se às portas de Paris mediante ao bispo de Lincoln, declarando que ele era o candidato adequado para ocupar o trono francês.

A Inglaterra ganhou batalhas como as de Crécy (1346) e Poitiers (1356). Uma grave enfermidade do rei francês originou uma luta pelo poder entre o seu primo João I de Borgonha ou João sem Medo, e o irmão de Carlos VI, Luís de Orléans.

No dia 23 de novembro de 1407, nas ruas de Paris e por ordem dos Borguinhões, ocorreu o assassinato do Armagnac Luís de Orléans. A família real francesa estava dividida entre os que davam suporte ao duque de Borgonha (Borguinhões) e os que o davam apoio ao de Orléans e depois a Carlos VII, Delfim de França (Armagnacs ligados à causa de Orléans e à morte de Luís). Com o assassinato do Armagnac, os dois lados enfrentaram-se numa guerra civi.  Os partidários do Duque de Orléans, em 1414, viram recusada uma proposta pelos ingleses e pactuaram com os Borguinhões.

Com a morte de Carlos VI, em 1422, Henrique VI da Inglaterra foi coroado rei francês, mas os Armagnacs não desistiram e mantiveram-se fiéis ao filho do rei, Carlos VII, coroando-o também em 1422.

Encontro com Carlos

Aos 16 anos, Joana foi a Vaucouleurs, cidade vizinha a Domrèmy. Recorreu a Robert de Baudricourt, capitão da guarnição Armagnac estabelecida em Vaucouleurs para lhe ceder uma escolta até Chinon, onde estava o delfim, já que teria que atravessar todo o território hostil defendido pelos ingleses e Borguinhões. Quase um ano depois, Baudricourt aceitou enviá-la escoltada até ao delfim. A escolta iniciou-se aproximadamente a 13 de fevereiro de 1429. Entre os seis homens que a acompanharam estavam Poulengy e Jean Nouillompont (conhecido como Jean de Metz). Jean esteve presente em todas as batalhas posteriores de Joana d'Arc.

Vestindo roupas masculinas até à sua morte, Joana atravessou as terras dominadas por Borguinhões (um ducado francês favorável aos ingleses), chegando a Chinon, onde finalmente se encontrou com Carlos, após uma apresentação de uma carta enviada por Baudricourt.

Chegando a Chinon, Joana já dispunha de uma grande popularidade, porém o delfim tinha ainda desconfianças sobre a jovem. Decidiram passá-la por algumas provas. Segundo a lenda, com medo de apresentar o delfim diante de uma desconhecida que talvez pudesse matá-lo, eles decidiram ocultar Carlos  numa sala cheia de nobres ao recebê-la. Joana então teria reconhecido o rei disfarçado entre os nobres sem que jamais o tivesse visto antes. Joana teria ido até ao verdadeiro rei, curvou-se e disse: "Senhor, vim conduzir os seus exércitos à vitória".

Sozinha na presença do rei, ela convenceu-o a entregar-lhe um exército com o intuito de libertar Orléans. Porém, o rei ainda a fez passar por novas provas diante dos teólogos reais. As autoridades eclesiásticas em Poitiers submeteram-na a um interrogatório, averiguaram a sua virgindade e as suas intenções.

Convencido do discurso de Joana, o rei entregou-lhe uma espada, um estandarte e  autorizou-a a acompanhar as tropas francesas que seguiam rumo à libertação da cidade de Orléans, que havia sido invadida e cercada pelos ingleses oito meses antes.

Joana reconhece o rei Carlos VII em Chinon, no meio de vários nobres.

Joana d'Arc: a guerreira

Munida de uma bandeira branca, Joana chegou a Orleães a 29 de abril de 1429. O nível de participação dela nas campanhas ou decisões de comando foi motivo de debate entre vários historiadores. Segundo relatos de oficiais franceses da época, Joana não lutou pessoalmente mas ficou sempre muito próximo do local onde a batalha acontecia, encorajando os homens. Também participava dos conselhos de guerra dos generais, que frequentemente ouviam o que ela tinha a dizer (possivelmente acreditando que suas instruções tinham origem divina). Sob o seu estandarte, o exército de 4 mil homens derrotaram os ingleses em batalha e romperam o cerco a Orleães a 8 de maio de 1429. A presença de Joana é creditada como fundamental para a vitória, dando coragem e força aos soldados. Os franceses cercaram Orleães ao longo de oito meses e não conseguiam superar as defesas inglesas. Porém, com Joana ao seu lado, o fervor religioso e patriótico reascendeu nas tropas e conduziu-os à vitória.

Existem histórias paralelas a esta que informam que a figura de Joana era diferente. Que ela teria chegado à batalha num cavalo branco, armadura de aço, e segurando um estandarte com a cruz de Cristo, circunscrita com o nome de Jesus e Maria. Segundo esta outra versão, Joana teria sido apenas arrastada pelo fascínio sobrenatural de seus sonhos a cumprir a vontade divina e sem saber nada sobre arte de guerra comandou os soldados rudes, com ar angelical e em na sua presença ninguém se atreveu a dizer ou a praticar inconveniências. 

Após a vitória em Orleães, os ingleses pensaram que os franceses iriam tentar reconquistar Paris ou a Normandia, mas ao invés disso, Joana convenceu o Delfim a iniciar uma campanha sobre o rio Loire. Era a estratégia de Joana para conduzir o Delfim à cidade de Ruão.

Joana dirigiu-se a vários pontos fortificados sobre as pontes do rio Loire. A 11 e 12 de junho de 1429 participou na vitória francesa na batalha de Jargeau. No dia 15 de junho foi a vez da batalha de Meung-sur-Loire. A terceira vitória foi em Beaugency, nos dias 16 e 17 de junho do mesmo ano. Um dia após a sua última vitória dirigiu-se a Patay, mas a sua participação foi pouco relevante. A luta na região, única batalha em campo aberto, já se desenrolava sem a presença de Joana d'Arc.

Pintura romântica de Joana D'Arc na Batalha de Orleães.

Coroação de Carlos

Cerca de um mês após a vitória sobre os ingleses em Orleães, conduziu Carlos VII à cidade de Reims, onde foi coroado rei de França a 17 de julho de 1429. A vitória de Joana d'Arc e a coroação do rei acabaram por reacender as esperanças dos franceses de se libertarem do domínio inglês e representaram a reviravolta naquela guerra.

O caminho até Reims foi considerado difícil, já que várias cidades estavam sob o domínio dos Borguinhões. Porém, a fama de Joana já se tinha estendido por quase todo o território e fez com que o exército Armagnac do delfim passasse a ser mais temido. Assim, Joana passou sem problemas por sucessivas cidades como Gien, Saint Fargeau, Mézilles, Auxerre, Saint Florentin e Saint Paul.

Desde Gien, foram enviados convites a diversas autoridades para assistir à consagração do delfim. Em Auxerre chegou a pensar-se em resistência por parte de uma pequena tropa inimiga que se encontrava na cidade. Após três dias de negociação foi possível por lá passar sem qualquer problema. O mesmo aconteceu em Troyes, onde as negociações duraram cinco dias. A chegada a Reims aconteceu a 16 de julho.

Sabe-se que o dia da consagração definitiva do rei francês na Catedral de Reims foi a 17 de julho e não foi a cerimónia mais esplêndida do momento, já que as circunstâncias da guerra impediam que o fosse. Joana assistiu à consagração de uma posição privilegiada, acompanhada do seu estandarte.

Coroação de Carlos VII.

Paris

Teoricamente Joana já não precisava de continuar com o exército, uma vez ter já cumprido a sua promessa, e, segundo ela, havia seguido corretamente as ordens que as vozes lhe haviam dado. Mas Joana, como muitos outros, sabia que enquanto a cidade de Paris estivesse tomada pelas tropas inglesas, dificilmente o novo rei poderia ter claramente o controle do Reino de França.

No mesmo dia da coroação, chegaram emissários do Duque de Borgonha e  iniciaram-se as negociações para se chegar à paz, ou a uma trégua, que foi finalmente o que se pactuou. Não foi a paz que Joana desejava, mas pelo menos aconteceu ao longo de quinze dias. Mas esta trégua não foi gratuita, já que havia interesses políticos: Carlos VII necessitava de tomar Paris para exercer a sua autoridade de rei mas não queria criar uma má imagem com uma conquista violenta. Foi isto que o motivou a firmar a trégua com o Duque de Borgonha: uma necessidade para ganhar tempo.

Durante a trégua, Carlos VII levou o seu exército até Île-de-France (região francesa que abriga Paris). Houve alguns distúrbios entre os Armagnacs e a aliança inglesa com os Borguinhões. Os ingleses abandonaram Paris dirigindo-se a Ruão (ou Rouen em francês). Restou então derrotar os Borguinhões que ainda ficaram em Paris e na região.

Joana foi ferida por uma flecha durante uma tentativa de entrar em Paris. Isto acelerou a decisão do rei em bater retirada no dia 10 de setembro. O rei francês não expressou a intenção de abandonar definitivamente a luta, mas optou por pensar e defender a opção de conquistar a vitória mediante a paz, tratados e outras oportunidades no futuro.

Estátua de Joana d'Arc na Catedral de Notre-Dame de Paris.

A morte de Joana d'Arc

A captura

Na primavera de 1430, Joana d'Arc retomou a campanha militar e passou a tentar libertar a cidade de Compiègne, onde acabou por ser dominada e capturada pelos Borguinhões, aliados dos ingleses.

Durante um ataque ao campo de Margny, controlado pelos Borguinhões, Joana acabou por ser presa a 23 de maio de 1430. Entre os dias 23 e 27 foi conduzida ao castelo de Beaulieu-lès-Fontaines. Joana foi entrevistada entre os dias 27 e 28 pelo próprio Duque de Borgonha, Filipe III. Naquele momento Joana era propriedade do Duque de Luxemburgo. Foi levada ao Castelo de Beaurevoir, onde permaneceu todo o verão, enquanto o duque de Luxemburgo negociou a sua venda. Ao vendê-la aos ingleses, Joana foi transferida para Ruão.

Duas mulheres, duas personalidades em guerra

A infanta D. Isabel, filha de D. João I e duquesa de Borgonha (e em cuja honra foi criada por Filipe, o Bom a Ordem do Tosão de Ouro, em janeiro de 1430, por ocasião da chegada de Isabel ao ducado), poderá ter sido a impulsionadora da perseguição a Joana D'Arc. Não só como Infanta de Portugal, aliada da Inglaterra e de Borgonha, mas porque Joana D'Arc a submetera ao cerco quando chegou a Borgonha para se casar com Filipe, o Bom. Implacável (como se vê pela sua atitude perante o seu irmão D. Henrique, o "traidor" da Alfarrobeira), não desistiu enquanto Joana D'Arc não pagou pela insolência com a própria vida.

O processo em Ruão

Joana foi presa numa cela escura e vigiada por cinco homens. Em contraste ao bom tratamento que recebera na primeira prisão, Joana viveu nessa altura os  seus piores tempos.

O processo contra Joana tiveram início no dia 9 de janeiro de 1431, sendo chefiado pelo bispo de Beauvais, Pierre Cauchon. Foi um processo que passou à posteridade e que converteu Joana em heroína nacional, pelo modo como se desenvolveu e trouxe o final da jovem, e da lenda que ainda nos dias de hoje mescla a realidade com fantasia.

Dez sessões foram realizadas sem a presença da acusada, apenas com a apresentação de provas, que resultaram na acusação por heresia e assassinato.

No dia 21 de fevereiro, Joana foi ouvida pela primeira vez. A princípio negou-se a fazer o juramento da verdade, mas acabou por o fazer. Joana foi interrogada sobre as vozes que ouvia, sobre a igreja militante e sobre os seus trajes masculinos. No dia 27 e 28 de março, Thomas de Courcelles fez a leitura dos 70 artigos da acusação de Joana, que depois foram resumidos em 12, mais precisamente no dia 5 de abril. Estes artigos sustentavam a acusação formal para a donzela visando a sua condenação.

No mesmo dia 5, Joana começou a perder saúde por causa de ingestão de alimentos venenosos o que a fez vomitar. Isto alertou Cauchon e os ingleses, que entretanto a levaram a ver um médico. Queriam mantê-la viva, principalmente os ingleses, porque planeavam executá-la.

Durante a visita do médico, Jean d’Estivet acusou Joana de ter ingerido os alimentos envenenados conscientemente para cometer suicídio. No dia 18 de abril, quando finalmente se viu em perigo de morte, pediu para se confessar.

Os ingleses impacientaram-se com a demora do julgamento. O conde de Warwick disse a Cauchon que o processo estava a demorar demasiado. Até o primeiro proprietário de Joana, Jean de Luxemburgo, apresentou-se a Joana fazendo-lhe a proposta de pagar pela sua liberdade se ela prometesse não atacar mais os ingleses. A partir do dia 23 de maio, as coisas aceleraram e no dia 29 de maio, foi condenada por heresia.

Pintura histórica por Paul Delaroche mostrando o Cardeal Henrique Beaufort interrogando Joana d'Arc.

Morte

Joana foi queimada viva a 30 de maio de 1431, com apenas dezanove anos. A cerimónia de execução aconteceu na Praça do Velho Mercado (Place du Vieux Marché), às 9 horas, em Ruão.

Antes da execução confessou-se com Jean Totmouille e Martin Ladvenu, que lhe administraram os sacramentos da Comunhão. Entrou, vestida de branco, na praça cheia de gente e foi colocada na plataforma montada para a sua execução. Após lerem o seu veredito, Joana foi queimada viva. A suas cinzas foram largadas no rio Sena, para que não se tornassem objeto de veneração pública. Era o fim da heroína francesa.


Joana d'Arc quando foi queimada viva.

Após a morte de Joana d'Arc

A revisão do seu processo começou a partir de 1456, quando foi considerada inocente pelo Papa Calisto III e o processo que a condenou foi considerado inválido. Em 1909 a Igreja Católica autorizou a sua beatificação. Em 1920, Joana d'Arc é canonizada pelo Papa Bento XV.

Uma outra versão atesta que vinte anos após a sua condenação à fogueira, os pais de Joana d'Arc pediram ao Papa da época, Calisto III, que autorizasse uma comissão que, numa pesquisa serena e profunda, acabou por reconhecer a nulidade do processo por vício de forma e de conteúdo. Joana d´Arc teve assim a  sua honra reabilitada e o nome feiticeira e bruxa foi apagado para que ela fosse reconhecida pelas suas virtudes heroicas, provenientes de uma missão divina.

Enquanto morria foi chamada de bruxa, mentirosa, blasfema.

Ela foi proclamada Mártir pela Pátria e da Fé.

Santa Joana é sincretizada nas religiões afro-brasileiras com a orixá Obá.

Vestuário

Joana d'Arc usou roupas masculinas desde o momento da sua partida de Vaucouleurs até à sua abjuração em Rouen. Isto motivou debates teológicos naquela  época e levantou outras questões também no século XX. A razão técnica para a sua execução foi uma lei sobre as roupas bíblicas. O segundo julgamento reverteu a condenação em parte porque o processo de condenação não tinha considerado as exceções doutrinárias referentes a esse texto.

Em termos de doutrina, ela era apenas prudente ao disfarçar-se como um escudeiro durante uma viagem através do território inimigo, e era cautelosa ao usar armadura durante a batalha. O Chronique de la Pucelle atestou que isso dissuadiu o abuso sexual, enquanto ela estava acampada nas batalhas. O clérigo que testemunhou no seu segundo julgamento afirmou que ela continuava a vestir roupas do sexo masculino na prisão para deter abusos e violações. A preservação da castidade foi outro motivo justificável para travestir-se: as suas roupas teriam confundido um assaltante e os homens estariam menos propensos a pensar nela como um objeto sexual.

Joana d'Arc na coroação de Carlos VII, de Jean Auguste Dominique Ingres (1854), é um exemplo notável.

Representação nas artes e na literatura

Jeanne d'Arc. França, 1899. Direção: Georges Méliès. Elenco: Jeanne d'Alcy. 10 min.

Joan the Woman. EUA, 1917. Direção: Cecil B. de Mille. Elenco: Geraldine Farrar, Raymond Hatton. 138 min.

La Merveilleuse Vie de Jeanne d'Arc. França/ Alemanha, 1929. Direção: Marco de Gastyne. Elenco: Simone Genevois, Fernand Mailly. 125 min.

La Passion de Jeanne d'Arc (br: O Martírio de Joana d'Arc; pt: A Paixão de Joana d'Arc). França, 1928. Direção: Carl Theodor Dreyer. Elenco: Maria Falconetti, Eugene Silvain. 110 min.

Joan of Arc (br: Joana d'Arc). EUA, 1948. Direção: Victor Fleming. Elenco: Ingrid Bergman, Francis L. Sullivan, J. Carrol Naish. 145 min.

Giovanna d'Arco al rogo. Itália/ França, 1954. Direção: Roberto Rossellini. Elenco: Ingrid Bergman, Tulio Carminati. 80 min.

Saint Joan (br: Santa Joana, Joana d'Arc; pt: Santa Joana). EUA/ Reino Unido, 1957. Direção: Otto Preminger. Elenco: Jean Seberg, Richard Widmark, John Gielgud. 110 min.

Procès de Jeanne d'Arc (br: O Processo de Joana d'Arc). França, 1962. Direção: Robert Bresson. Elenco: Florence Delay, Jean-Claude Fourneau. 65 min.

Jeanne la Pucelle I - Les batailles (br: Joana a Virgem I - As Batalhas). França, 1994. Direção: Jacques Rivette. Elenco: Sandrine Bonnaire, Olivier Cruveiller, Baptiste Roussillon, Benjamin Rataud, Tatiana Moukhine. 160 min.

Jeanne la Pucelle II - Les prisons (br: Joana a Virgem II - As Prisões). França, 1994. Direção: Jacques Rivette. Elenco: Sandrine Bonnaire, Jean-Louis Richard, Jean-Pierre Lorit, Pierre Baillot . 176 min.

The Messenger: The Story of Joan of Arc ou Jeanne d'Arc (br: Joana d'Arc de Luc Besson). França, 1999. Direção: Luc Besson. Elenco: Milla Jovovich, John Malkovich, Faye Dunaway, Dustin Hoffman. 124 min.

Literatura

A Vida de Joana d'Arc, livro de Érico Veríssimo

Joana d'Arc, - A Mulher Forte". Regine Pernoud. Paulinas. ISBN 85-7311-342-1

"Joana d`Arc", livro de Mark Twain

Santa Joana, peça de Bernard Shaw

"Joana d'Arc Uma biografia De Donald Spot

Drifters, mangá de Kouta Hirano, no qual Joana d'Arc é uma antagonista

"Joana d'Arc e suas batalhas" de Phil Robins

"Joana d'Arc, Médium" de Léon Denis

"A História de Joana d'Arc, ditada por ela mesma" (Histoire de Jeanne d'Arc, dictée par elle-même), Ermance Dufaux de la Jonchère, França, 1855.

Imagem da Santa Joana d'Arc.

Televisão

Joan of Arc (1999), filme para TV com Leelee Sobieski

"Axis Powers Hetalia", onde Joana D'Arc é retratada ao lado da personificação da França.

No anime Inazuma Eleven Go Chrono Stone, Joana d'Arc fazia parte dos onze lendários, onde a equipa do colégio Raimon viajou no tempo para que pudesse fundir a aura de Joana d'Arc com a do jogador Kirino Ranmaru, para derrotar a Protocolo Omega 3.0.

No anime Shingeki no Bahamut: Genesis, Joanna D'Arc é uma cavaleira do exército de Orleans, cujo povo acredita ser o cavaleiro escolhido que salvará o mundo da ira do Bahamut quando ele vier a despertar.

O episódio 12 do anime Nadja passa-se na vila Domrémy, local de nascimento de Joana d'Arc. Fala sobre a sua história da guerreira e também sobre um possível tesouro deixado por ela, o qual desperta o interesse de Nadja e dos seus amigos.

Na série de desenhos animados Os Simpsons Tales of Public Domain da temporada 13 Homer conta a história de Joana mas, Marge interrompe a história quando Joana estava prestes a ser queimada.

No programa Deu a Louca na História ( Horrible Histories) Joana é citada na Segunda e na Quinta Temporada.

Música

A música "Maid of Lorraine", da banda Leaves' Eyes, conta a história de Joana d'Arc.

A música "Joan of Arc", da banda Arcade Fire.

A música "Maid of Orleans", da banda Dark Moor.

A música "Joan of Arc", faixa oito do décimo terceiro álbum de Madonna, Rebel Heart.

As músicas "Joan of Arc" e "Maid of Orleans (The Waltz Joan of Arc)", da banda britânica OMD.

A música "The Death of Love", da banda inglesa Cradle Of Filth.

A música "Joanni", do álbum "Aerial", da cantora inglesa Kate Bush.

A música "Hey Hey Hey", da cantora americana Katy Perry, faz menções de Joana D'Arc.

A música "Joan of Arc", do grupo britânico feminino Little Mix.

Jogos para computador

A Enlight Software criou um jogo para computador chamado Wars & Warriors: Joan of Arc baseado na história de Joana d'Arc. Foi lançado a 9 de fevereiro de 2004. O jogador assume o papel de Joana d'Arc e lidera o exército francês na guerra dos 100 anos. O jogo combina aspetos de ação (hack and slash), estratégia em tempo real e RPG.

Um Jogo chamado Perfect Dark (パーフェクト・ダーク), produzido pela Rare para o Nintendo 64 e lançado a 22 de Maio de 2000 no mercado americano. Em Perfect Dark, os jogadores assumem o papel da agente especial Joanna Dark, uma personagem inspirada na bravura da referida Joana D'arc.

Em homenagem, no Age of Empires II, Joana D'Arc está sempre presente nas batalhas travadas (exceto na última parte da campanha), onde há apoio personagens como La Hire, Jean de Metz e enfrenta antagonistas como John Fastolf.

Fundação Batalha de Aljubarrota

Nascimento de Nuno Álvares Pereira É legitimado por D. Pedro I A morte de D. Fernando e o início da Crise Casa com Leonor de Alvim Nuno Alvares Pereira toma partido do Mestre de Avis Campanha Militar - 1384 Início da Campanha de 1384 Em busca de provisões Combate naval no Tejo: Lisboa> Almada Diplomacia por Almada e conquista do Castelo A caminho de Entre Tejo e Guadiana Tentativa de arregimentar novos soldados na comarca de Évora O cerco de Monforte e Tomada do Castelo de Arronches Vence os castelhanos na Batalha dos Atoleiros. A Frota do Porto Combate na Ribeira de Alperrejão Tomada do Castelo de Monsaraz: Combate junto ao Guadiana Movimento para Ponte de Sôr O Cerco ao Fronteiro-Mor Novas ordens Combate e Reconquista de Almada O fim do Cerco de Lisboa Tomada do Castelo de Portel A conspiração contra o Mestre Insistência por Vila Viçosa Campanha Militar - 1385 O Condestável comanda as forças leais ao Mestre de Avis na Batalha Real (Batalha de Aljubarrota) A Batalha de Aljubarrota, vitória decisiva de Portugal; A célebre batalha de Valverde Campanha Militar - 1386 Campanha Militar - 1387 Começa a construção da capela de S. Jorge, em Aljubarrota. Começa a construção do Convento do Carmo, em Lisboa. Partilha com os companheiros de armas muitas das suas terras. Primeiros carmelitas vêm viver para o Convento do Carmo. O casamento entre o futuro duque de Bragança, D. Afonso, com a filha de D. Nuno, D. Beatriz Fim das hostilidades com Castela. Morre a filha, D. Beatriz. Projeta tornar-se carmelita. Participou da Conquista de Ceuta Reparte pelos netos os seus títulos e domínios. Ingressa no Convento do Carmo a 15 de agosto Morre, Nuno Alves Pereira Primeira trasladação dos restos mortais Segunda trasladação dos restos mortais As cortes pedem ao Papa Urbano VIII a sua beatificação. O pedido é renovado várias vezes ao longo dos anos. O terramoto de 1755 Terceira trasladação dos restos mortais Quarta trasladação dos restos mortais. O Papa Bento XV confirma o culto do Santo Condestável Início do Processo de Canonização Processo de Canonização suspenso Transladação dos restos mortais para a Igreja do Santo Condestável Reinício do processo de Canonização Anúncio da canonização Legado
Participou na tomada de Ceuta em 1415 - (D. Afonso, 1.º Duque de Bragança) Participou na expedição a Tânger em 1437 - (D. Fernando I, 2.º Duque de Bragança) Foi Governador de Ceuta em 1438 - (D. Fernando I, 2.º Duque de Bragança) Foi Governador de Ceuta em 1447 - (D. Fernando I, 2.º Duque de Bragança) Participou na Batalha de Alfarrobeira ao lado de D. Afonso V, em 1449 - (D. Afonso, 1.º Duque de Bragança) Foi regente do Reino em 1458 - (D. Afonso, 1.º Duque de Bragança) Foi Regente do Reino em 1471 - (D. Fernando I, 2.º Duque de Bragança) Pela sua participação na conjura contra D. João II, foi executado em Évora, em 1483 - (D. Fernando II, 3.º Duque de Bragança) D. Manuel devolveu-lhe os títulos e terras confiscados por D. João II - (D. Jaime I, 4.º Duque de Bragança) Custeou a expedição que conquistou Azamor, em Marrocos, em 1513 - (D. Jaime I, 4.º Duque de Bragança) Nomeado condestável do reino (1535) na ausência do Infante D. Luís - (D. Teodósio I, 5.º Duque de Bragança) Foi escolhido para padrinho do Infante D. Dinis, filho de D. João III (1535) - (D. Teodósio I, 5.º Duque de Bragança) Nomeado Fronteiro-Mor das Províncias do Minho e Trás-os-Montes (1540) - (D. Teodósio I, 5.º Duque de Bragança) Acompanhou a Infanta D. Maria à raia para ser entregue ao Príncipe D. Filipe, herdeiro da coroa em Castela (1543) - (D. Teodósio I, 5.º Duque de Bragança) Enviou 400 cavalos em socorro de Safim - (D. Teodósio I, 5.º Duque de Bragança) Nomeado para comandar o exército de socorro a Mazagão, jornada que não se concretizou porque os mouros levantaram o cerco - (D. Teodósio I, 5.º Duque de Bragança) Esteve presente na aclamação de D. Sebastião como rei - (D. Teodósio I, 5.º Duque de Bragança) Acompanhou D. Sebastião a África em 1574 - (D. João I, 6.º Duque de Bragança) Participou na batalha de Alcácer-Quibir, tendo sido feito prisioneiro - (D. Teodósio II, 7.º Duque de Bragança) Defendeu a pretensão da rainha D. Catarina ao trono após a morte do Cardeal-Rei D. Henrique - (D. João I, 6.º Duque de Bragança) Regressou a Portugal em 1580 - (D. Teodósio II, 7.º Duque de Bragança) Instituiu o Conselho de Guerra em 1640 e organizou a defesa de Portugal contra Espanha, tanto na metrópole como na América, África e Ásia Foi aclamado rei em 15 de Dezembro de 1640 - (D. João II, 8.º Duque de Bragança, IV dos Reis de Portugal) Nascimento do Dom Pedro I