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Charles Darwin

Charles Robert Darwin (pronúncia em inglês: ['dɑː.wɪn]; Shrewsbury, 12 de fevereiro de 1809 — Downe, Kent, 19 de abril de 1882) foi um naturalista britânico que alcançou a fama ao convencer a comunidade científica da ocorrência da evolução ao propor uma teoria para explicar como se daria por meio da seleção natural e sexual. Esta teoria culminou no que é, agora, considerado o paradigma central para explicação de diversos fenómenos em biologia. Foi laureado com a medalha Wollaston concedida pela Sociedade Geológica de Londres, em 1859.

Darwin começou a interessar-se por história natural na universidade quando era estudante de Medicina e, depois de Teologia. A sua viagem de cinco anos a bordo do brigue HMS Beagle e os escritos posteriores trouxeram-lhe reconhecimento como geólogo e fama como escritor. As suas observações da natureza levaram-no ao estudo da diversificação das espécies e, em 1838, ao desenvolvimento da teoria da Seleção Natural. Consciente de que outros antes dele tinham sido severamente punidos por sugerir ideias como aquela, confiou-as apenas aos amigos mais próximos e continuou a sua pesquisa tentando antecipar possíveis objeções. Contudo, a informação de que Alfred Russel Wallace tinha desenvolvido uma ideia similar forçou a publicação conjunta das suas teorias em 1858.

No seu livro de 1859, "A Origem das Espécies" (do original, em inglês, On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or The Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life), introduziu a ideia de evolução a partir de um ancestral comum, por meio de seleção natural. Tornou-se a explicação científica dominante para a diversidade de espécies na natureza. Ingressou na Royal Society e continuou a sua pesquisa, escrevendo uma série de livros sobre plantas e animais, incluindo a espécie humana, notavelmente "A descendência do Homem e Seleção em relação ao Sexo" (The Descent of Man, and Selection in Relation to Sex, 1871) e "A Expressão da Emoção em Homens e Animais" (The Expression of the Emotions in Man and Animals, 1872).

Em reconhecimento pela importância do seu trabalho, Darwin foi enterrado na Abadia de Westminster, próximo a Charles Lyell, William Herschel e Isaac Newton. Foi uma das cinco pessoas não ligadas à família real inglesa a ter um funeral de Estado no século XIX.

Charles Darwin

Biografia

Infância e educação

Charles Darwin nasceu na casa da sua família em Shrewsbury, Shropshire, Inglaterra, a 12 de fevereiro de 1809. Foi o quinto dos seis filhos do médico Robert Darwin e sua esposa Susannah Darwin. O seu avô paterno foi Erasmus Darwin e seu avô materno o ceramista Josiah Wedgwood, ambos pertencentes à proeminente e abastada família Darwin-Wedgwood e à elite intelectual da época. A sua mãe morreu quando ele tinha oito anos. No ano seguinte, em 1818, Darwin foi enviado para a escola Shrewsbury. Interessava-se então apenas por colecionar minerais, insetos e ovos de pássaros, caça, cães e ratos.

Em 1825, depois de passar o verão como aprendiz a ajudar o seu pai no tratamento dos pobres de Shropshire, Darwin foi estudar medicina para Universidade de Edimburgo. Contudo, a sua aversão à brutalidade da cirurgia da época levou-o a negligenciar os estudos médicos. Na universidade, aprendeu taxidermia com John Edmonstone, um ex-escravo negro, que lhe narrava sobre as florestas tropicais na América do Sul. No segundo ano, Darwin tornou-se um ativo participante das  sociedades estudantis para naturalistas. Participou, por exemplo, da Sociedade Pliniana, onde se liam comunicações sobre história natural. Nesta época foi pupilo de Robert Edmond Grant, um pioneiro no desenvolvimento das teorias de Jean-Baptiste Lamarck e do seu avô Erasmus Darwin sobre a evolução de características adquiridas. Darwin tomou parte das investigações de Grant a respeito do ciclo de vida de animais marinhos. Tais investigações contribuíram para a formulação da teoria de que todos os animais possuem órgãos similares e diferem apenas em complexidade. No curso de história natural de Robert Jameson estudou geologia estratigráfica. Estudou depois a classificação de plantas, enquanto ajudava nos trabalhos com as grandes coleções do Museu da Universidade de Edimburgo.

Em 1827 o seu pai, dececionado com a falta de interesse de Darwin pela medicina, matriculou-o  num bacharelado em artes na Universidade de Cambridge, para que se tornasse um clérigo. Nesta época, os clérigos tinham uma renda que lhes permitia uma vida confortável e, muitos eram naturalistas, uma vez que, defendiam que "explorar as maravilhas da criação de Deus" era uma de suas obrigações. Em Cambridge, entretanto, Darwin preferiu cavalgar e atirar, ao invés de estudar. Passava muito do seu tempo a apanhar besouros com o primo William Darwin Fox. Foi este que o apresentou ao reverendo John Stevens Henslow, professor de botânica e especialista em besouros que, mais tarde, viria a tornar-se no seu tutor. Darwin ingressou no curso de história natural de Henslow e tornou-se um dos seus alunos prediletos. Nesta época Darwin apaixonou-se pelas ideias de William Paley, em particular pela noção de projeto divino na natureza. Nas suas provas finais em janeiro de 1831, teve uma boa nota a teologia e, mesmo tendo feito apenas o suficiente para passar no estudo dos clássicos, matemática e física, foi o décimo colocado entre 178 aprovados.

Seguindo os conselhos e exemplo de Henslow, Darwin não quis ser ordenado. Inspirado pela narrativa de Alexander von Humboldt, planeou juntar-se a alguns colegas e visitar a Tenerife para estudar a história natural dos trópicos. Como preparação, Darwin ingressou no curso de Geologia do reverendo Adam Sedgwick, um forte proponente da teoria de projeto divino, e viajou com ele, como assistente para mapear o estratigráfico no País de Gales. Contudo, os seus planos de viagem à Ilha da Madeira foram subitamente desfeitos quando recebeu uma carta que o informava da morte de um dos seus prováveis colegas de viagem. Outra carta, entretanto, recebida ao retornar para casa, colocaria-o novamente em viagem. Henslow havia recomendado que Darwin fosse o acompanhante de Robert FitzRoy, capitão do barco inglês HMS Beagle, na expedição de dois anos que deveria mapear a costa da América do Sul. Isto dar-lhe-ia a oportunidade de desenvolver a sua carreira como naturalista. Esta iria tornar-se uma expedição de quase cinco anos que teria um profundo impacto em muitas áreas da Ciência.

Charles Darwin com sete anos, em 1816, um ano antes da morte da sua mãe.

A viagem do Beagle

A viagem do Beagle durou quatro anos e nove meses, dois terços dos quais Darwin esteve em terra firme. Darwin estudou uma grande variedade de características geológicas, fósseis, organismos vivos e conheceu muitas pessoas, entre nativos e colonos. Coletou metodicamente diversos espécimes, muitos dos quais novos para a ciência. Isto estabeleceu a sua reputação como naturalista e fez dele um dos precursores no campo da ecologia, particularmente no que respeita à noção de biocenose. As suas anotações detalhadas mostraram o seu dom para a teorização, formando a base para os seus trabalhos posteriores, fornecendo visões sociais, políticas e antropológicas sobre as regiões visitadas.

Durante a viagem Darwin leu o livro "Princípios da Geologia" de Charles Lyell, que descrevia as características geológicas como resultado de processos graduais que ocorriam ao longo de grandes períodos de tempo. Escreveu para casa para dizer que via formações naturais como se através dos olhos de Lyell: degraus planos de pedras com o aspeto característico da erosão por água e conchas na Patagónia eram sinais claros de praias que se haviam elevado; no Chile, experimentou um terremoto e observou pilhas de mexilhões encalhadas acima da maré alta o que mostrava que toda a área havia sido elevada; e mesmo no alto dos Andes foi capaz de recolher conchas. Durante a sua passagem pelas ilhas vulcânicas Darwin propôs mecanismos de soerguimento através de injeções de magma. Darwin ainda teorizou que os atóis de coral se formavam gradualmente em montanhas vulcânicas à medida que estas afundavam no mar, uma ideia confirmada posteriormente quando o Beagle esteve nas ilhas Cocos (keeling).


O percurso da viagem do HMS Beagle.

Na América do Sul Darwin descobriu fósseis de animais extintos como o megatério e o gliptodonte, em camadas que não mostravam quaisquer sinais de catástrofe ou mudanças climáticas. Naquele tempo Darwin pensava que aquelas eram espécimes similares às encontradas em África mas. Após o seu regresso Richard Owen mostrou-lhe que os fósseis encontrados eram mais similares a animais não extintos e que viviam na mesma região (preguiças e tatus). Na Argentina, duas espécies de ema viviam em territórios separados mas compartilhavam áreas comuns. Nas ilhas Galápagos, Darwin descobriu que as cotovias (mockingbirds) diferiam de uma ilha para outra. Ao retornar à Inglaterra, foi-lhe mostrado que o mesmo ocorria com as tartarugas e tentilhões. O rato-canguru e o ornitorrinco, encontrados na Austrália, eram animais tão estranhos que levaram Darwin a pensar que "Um incrédulo... poderia dizer que 'seguramente dois criadores diferentes estiveram em ação'". Todas estas observações o deixaram muito intrigado e, na primeira edição de "A Viagem do Beagle", explicou a distribuição das espécies à luz da teoria de Charles Lyell de "centros de criação". Em edições posteriores,  já dava indicações de como via a fauna encontrada nas Ilhas Galápagos como evidência para a evolução: "é possível imaginar que algumas espécies de aves neste arquipélago derivam de um número pequeno de espécies de aves encontradas originalmente e que se modificaram para diferentes finalidades".

Três nativos foram trazidos de volta pelo Beagle para a Terra do Fogo. Tinham sido "civilizados" em Inglaterra nos dois anos anteriores, ainda que os seus parentes parecessem à Darwin selvagens pouco acima de outros animais. Num ano aqueles missionários voltaram ao que eram e, de fato, preferiam esta condição uma vez que não quiseram retornar a Inglaterra. Esta experiência junto com a repulsa de Darwin pela escravidão e outros abusos que viu em vários lugares, tais como o tratamento desumano dos nativos por colonos ingleses na Tasmânia, fizeram-no defender a sua ideia de que não existia justificativa moral para maltratar outros homens baseado no conceito de raça. Passou então a acreditar que a humanidade não se encontrava tão distante dos outros animais como diziam os seus amigos do clero.

A bordo do barco, Darwin sofria constantemente de enjoos. Em outubro de 1833 teve uma febre na Argentina e em julho de 1834, enquanto retornava dos Andes a Valparaíso, adoeceu e ficou um mês de cama. De 1837 em diante, Darwin passou a sofrer repetidamente de dores estomacais, vómitos, graves tremores, palpitações e outros sintomas. Estes sintomas agravavam-se particularmente em épocas de stress, tais como quando tinha de lidar com as controvérsias relacionadas com a sua teoria. A causa da doença de Darwin foi desconhecida durante a sua vida e as tentativas de tratamento tiveram pouco sucesso. Uma ideia esposada por Kettlewell e Julian Huxley, no início da década de 1960, defendeu que ele contraiu a Doença de Chagas quando foi picado por um inseto na América do Sul. No entanto, vários autores reconhecem que os especialistas nessa doença indicavam que não existia concordância dos sintomas de Darwin com os da doença. Outras possíveis causas incluem problemas psicológicos e a doença de Ménière.

HMS Beagle na Austrália (centro), aquarela pintada por Owen Stanley em 1841.

Carreira como cientista e conceção da teoria

Enquanto Darwin ainda estava em viagem, Henslow a sua reputação ia sendo cultivada pelo seu antigo pupilo que forneceu a vários naturalistas os espécimes fósseis e cópias impressas das descrições geológicas que Darwin fazia. Quando o Beagle retornou a 2 de outubro de 1836, já era uma celebridade no meio científico. Visitou a sua casa em Shrewsbury e descobriu que o seu pai havia feito vários investimentos de forma que Darwin pudesse ter uma vida tranquila. Mais que isto, poderia ter uma carreira científica autofinanciada. Darwin foi então a Cambridge e convenceu Henslow a fazer descrições botânicas das plantas que ele havia recolhido. Depois dirigiu-se a Londres onde procurou os melhores naturalistas para descrever as suas outras coleções de forma a poder publicá-las. Um entusiasmado Charles Lyell encontrou Darwin a 29 de outubro e apresentou-o ao jovem e promissor anatomista Richard Owen. Depois de trabalhar na coleção de ossos fossilizados no Royal College of Surgeons, Owen surpreendeu o revelar que alguns dos ossos eram de tatus e preguiças gigantes extintas. Isto melhorou a reputação de Darwin. Com a ajuda entusiasmada de Lyell, Darwin apresentou o seu primeiro artigo na Geological Society de Londres a 4 de janeiro de 1837, afirmando que a massa terrestre da América do Sul estava a erguer-se lentamente. No mesmo dia, Darwin apresentou os seus espécimes de mamíferos e aves à Zoological Society. Os mamíferos ficaram aos cuidados de George R. Waterhouse. Embora, os pássaros parecessem merecer menos atenção, o ornitólogo John Gould revelou que o que Darwin pensara serem corruíras (wrens), melros e tentilhões levemente modificados de Galápagos, eram de fato tentilhões, mas cada um de uma espécie distinta. No Beagle, o capitão FitzRoy e outros tripulantes também tinham coletado estes pássaros mas haviam sido mais cuidadosos com as suas anotações, o que permitiu a Darwin determinar de que ilha cada espécie era originária.

Ainda jovem, Charles Darwin ingressou na elite científica.

Em Londres, Darwin ficou com o seu irmão e livre pensador Erasmus e, em jantares, encontravam-se com outros pensadores que imaginavam um Deus guiando a sua criação unicamente por meio de leis naturais. Entre eles, estava a escritora Harriet Martineau, cujas histórias promoviam a reforma das leis de proteção social de acordo com as ideias de Malthus. Nos meios científicos, ideias como a transformação de uma espécie em outra (transmutação) eram controversamente associadas ao radicalismo político. Por isso Darwin preferia a respeitabilidade dos seus amigos mesmo quando não concordava plenamente com as ideias deles, tais como a crença de que a história natural devesse justificar religiões ou ordem social.

A 17 de fevereiro de 1837, Lyell aproveitou o seu discurso presidencial na Geological Society para apresentar as descobertas de Owen em relação aos fósseis de Darwin, enfatizando as implicações do fato de que espécies extintas encontradas numa região fossem relacionadas a outras que viviam atualmente na mesma região. Neste mesmo encontro, Darwin foi eleito para o conselho da Geological Society. Já tinha sido convidado por FitzRoy para contribuir com o seu diário e notas pessoais para a seção de história natural do livro que o capitão estava a escrever sobre a viagem do Beagle. Darwin também estava a trabalhar num livro sobre a geologia da América do Sul. Ao mesmo tempo, especulava sobre a transmutação de espécies no caderno de anotações que tinha iniciado no Beagle. Outro projeto que iniciou na mesma época foi a organização dos relatórios dos vários especialistas que haviam trabalhado as suas coleções num livro de múltiplos volumes chamado "Zoologia da viagem do H.M.S. Beagle" (Zoology of the Voyage of H.M.S. Beagle). Darwin concluiu o seu diário a 20 de junho e, em julho, iniciou o seu livro secreto sobre a transmutação, onde desenvolveu a hipótese de que, apesar de cada ilha de Galápagos ter a sua própria espécie de tartaruga, todas elas eram originárias de uma única espécie que tinha se adaptado à vida nas diferentes ilhas de diferentes modos.

Sob a pressão de concluir Zoologia e corrigir as revisões do seu diário, a saúde de Darwin deteriorou. A 20 de setembro de 1837, sofreu palpitações do coração e foi passar um mês no campo para se recuperar. Visitou Maer Hall onde a ua tia inválida estava sob os cuidados da sua irmã Emma Wedgwood e entreteve os seus parentes com as histórias das suas viagens. Após regressar do campo, evitou tomar parte de eventos oficiais que poderiam ocupar demasiado o seu tempo. Contudo, em março de 1838, William Whewell recrutou-o como secretário da Geological Society. Mas logo a sua doença o forçou a novamente deixar o seu trabalho e seguiu para Escócia para "fazer geologia". Ali, visitou o desfiladeiro mais conhecido como Glen Roy, para estudar o fenómeno conhecido como "estradas " (roads) paralelas de Glen Roy,(incorretamente) identificadas por ele, como antigas praias marinhas que se elevaram. Anos mais tarde, estes terraços geológicos foram identificados como tendo sido originados pela ação de um lago glacial, que teve o seu nível de águas reduzido mediante os eventos geológicos, os quais se intercalaram por períodos de tempo suficientes para que sedimentos geológicos fossem depositados nas suas encostas, formando praias. Os sedimentos destas praias, com a diminuição das águas, ficaram expostos, solidificando-se em terraços conhecidos como "estradas", devido à sua grande extensão e retidão.

Completamente recuperado, retornou a Shrewsbury. Raciocinando cientificamente sobre a sua carreira e ambições, fez uma lista com as colunas "Casar" e "Não casar". Entradas na coluna pró casamento incluíam "companhia constante e um amigo na velhice ... melhor que um cão de qualquer modo," enquanto listado entre as desvantagens estavam "menos dinheiro para livros" e "terrível perda de tempo". Os prós venceram. Discutiu a ideia de casar com o pai e então foi visitar a sua prima Emma a 29 de julho de 1838. Não a propôs em casamento mas, contrariando os conselhos do pai, contou-lhe sobre as suas ideias de transmutação de espécies. Enquanto os seus pensamentos e trabalho continuavam em Londres, durante o outono, a sua saúde voltou a definhar e passou a sofrer repetidas crises. A 11 de novembro pediu Emma em casamento e, uma vez mais, voltou a falar-lhe das suas ideias. Ela aceitou mas permaneceria sempre preocupada que os lapsos de fé de Darwin acabariam por pôr em risco a possibilidade de, como ela acreditava, se encontrarem após a morte.

Darwin considerou o raciocínio de Malthus, de que a população humana aumentava mais rapidamente que a produção de alimentos, levando-a a uma competição e tornando qualquer esforço de caridade inútil. Viu naquela ideia uma forma de explicar ~(a) as suas descobertas sobre espécies extintas que se relacionavam mais com outras não extintas encontradas na mesma região, (b) a similaridade entre espécies próximas umas das outras, (c) as suas dúvidas derivadas da criação de animais e (d) a sua incerteza quanto a existência de uma "lei de harmonia" na natureza. No fim de novembro de 1838,  começou a comparar o processo de seleção de características feito por criadores de animais com uma natureza Malthusiana selecionando variantes aleatoriamente de forma que "toda a parte de uma nova característica adquirida é colocada em prática e aperfeiçoada", e pensou nisto como "a mais bela parte da minha teoria" de como novas espécies se originam. Ao procurar uma casa para viver, acabou por encontrar "Macaw Cottage" na rua Gower, em Londres, e então mudou o seu "museu" para lá, em dezembro. Já mostrava sinais de cansaço e Emma escreveu-lhe sugerindo que descansasse, comentando quase profeticamente "Não adoeça mais meu querido Charley até que eu esteja aí para cuidar de si". A 24 de janeiro de 1839, Darwin foi eleito membro da Royal Society e apresentou o seu artigo sobre as "estradas" de Glen Roy.

Charles casou com a sua prima Emma Wedgwood.

Casamento e filhos

A 29 de janeiro de 1839, Darwin casou com a sua prima Emma Wedgwood em Maer. Depois de morarem em Gower Street, em Londres, o casal mudou para Down House, em Downe a 17 de setembro de 1842. Os Darwin tiveram dez filhos, três dos quais morreram prematuramente. Muitos deles e dos seus netos alcançaram notabilidade.

William Erasmus Darwin (27 de dezembro de 1839–1914)

Anne Elizabeth Darwin (2 de março de 1841 – 22 de abril de 1851)

Mary Eleanor Darwin (23 de setembro de 1842 – 16 de outubro de 1842)

Henrietta Emma "Etty" Darwin (25 de setembro de 1843–1929)

George Howard Darwin (9 de julho de 1845 – 7 de dezembro de 1912)

Elizabeth "Bessy" Darwin (8 de julho de 1847–1926)

Francis Darwin (16 de agosto de 1848 – 19 de setembro de 1925)

Leonard Darwin (15 de janeiro de 1850 – 26 de março de 1943)

Horace Darwin (13 de maio de 1851 – 29 de setembro de 1928)

Charles Waring Darwin (6 de dezembro de 1856 – 28 de junho de 1858)

Muitos dos seus filhos sofreram de doenças ou fraquezas e o temor de Darwin era de que isto se devesse ao fato de que ele e Emma fossem primos. Nos seus textos falou sobre os efeitos do acasalamento entre indivíduos de linhagens mais próximas (inbreeding) ou mais distantes (crossing).

Darwin em 1842 com o seu filho mais velho, William Erasmus Darwin.

Evolução por seleção natural

Darwin era agora um eminente geólogo no meio científico formado por clérigos naturalistas, com uma renda segura e trabalhava secretamente na sua teoria. Tinha muito a fazer: escrevia sobre todos os seus achados e supervisionava a preparação dos vários volumes da "Zoologia" que descreviam as suas coleções. Estava convencido da ocorrência da evolução mas, sempre esteve consciente de que a ideia de transmutação de espécies era vista como uma blasfémia, bem como era associada a agitadores democráticos radicais em Inglaterra. A publicação das suas ideias poderia significar a demolição da sua reputação e, consequentemente, a sua ruína. Assim, fazia experiências minuciosas com plantas e consultava frequentemente muitos criadores de animais, incluindo criadores de pombos e porcos, na tentativa de encontrar respostas convincentes para todos os contra-argumentos que ele conseguia antever.

Quando FitzRoy publicou o seu livro sobre a viagem do Beagle, em maio de 1839, o diário e comentários de Darwin foram um grande sucesso. Mais tarde ainda naquele ano, o diário foi publicado compilado num livro que se tornou um sucesso de vendas, hoje conhecido como "A Viagem do Beagle" (The Voyage of the Beagle). Em dezembro de 1839, durante a primeira gravidez de Emma, a saúde de Darwin voltou a ficar comprometida e não conseguiu avançar muito nos seus trabalhos no ano seguinte.

Darwin tentou explicar a sua teoria a amigos mais próximos, mas eles demoraram a mostrar interesse e pensavam que uma seleção exigia um selecionador divino. Em 1842 a família mudou-se para a sua casa no campo (Down House) escapando assim à pressão de Londres. Ali, Darwin escreveu um pequeno texto esboçando a sua teoria que, em 1844, seria expandido para um documento de 240 páginas intitulado "Ensaio". Darwin completou o seu terceiro livro sobre geologia em 1846. Auxiliado por um amigo, o jovem botânico Joseph Dalton Hooker, iniciou um estudo aprofundado sobre cracas. Em 1847, Hooker leu o "Ensaio" e fez comentários que forneceram a Darwin a opinião externa que ele tanto precisava.

Darwin temia publicar a teoria de forma incompleta considerando o fato de que as suas ideias sobre evolução poderiam ser altamente controversas se, de fato, alguma atenção fosse lhe fosse dada. Outras ideias sobre evolução - especialmente o trabalho de Jean-Baptiste Lamarck - tinham sido consistentemente rejeitadas pela comunidade científica britânica e foram associadas à noção de radicalismo político. A publicação anónima de "Vestígios da História Natural da Criação" (Vestiges of the Natural History of Creation) em 1844 gerou outra controvérsia sobre o radicalismo e a evolução e foi severamente atacada pelos amigos de Darwin, o que assegurava que nenhum cientista de reputação iria querer estar associado a tais ideias.

Para tentar tratar a sua doença, Darwin foi para umas termas em Malvern em 1849 e, para a sua surpresa, verificou que os dois meses de tratamento com água o ajudaram. No seu estudo sobre cracas descobriu "homologias" que suportavam a sua teoria por mostrar que partes de um corpo levemente modificadas poderiam servir a funções diferentes em novos contextos. Foi então que a sua querida filha Annie adoeceu despertando novamente os seus temores de que sua doença pudesse ser hereditária. Após um longo sofrimento, ela morreu e Darwin perdeu toda a sua fé num Deus benevolente.

Nesta época, conheceu o jovem naturalista e livre pensador, Thomas Huxley que se tornaria um amigo próximo e grande aliado. O trabalho de Darwin sobre cracas (Cirripedia) valeu-lhe a medalha real da Royal Society em 1853, estabelecendo definitivamente a sua reputação como biólogo. Completou este estudo em 1854 e voltou a sua atenção para ateoria de transmutação de espécies.

Temendo tanto as críticas científicas quanto as religiosas, Darwin passou décadas desenvolvendo as suas teorias na clandestinidade.

Darwin, Mendel e a genética

Gregor Mendel foi o primeiro cientista a explicar os mecanismos da hereditariedade numa experiência sobre o cruzamento de ervilhas, publicado em 1866. Com os seus estudos, Mendel comprovou que as características eram determinadas por pares de elementos, herdados de cada um dos genitores e que passavam de uma geração a outra de forma particulada, ou seja, esses elementos permaneciam intactos. Apesar da sua grande relevância, esse trabalho teve pouco impacto na época e passou despercebido aos estudiosos da evolução por quase meio século, incluindo o próprio Darwin. Com a redescoberta dos trabalhos de Mendel no início do século XX, os elementos envolvidos na herança foram denominados genes e a disciplina que estuda a hereditariedade passou a ser chamar genética.

Os primeiros geneticistas, no entanto, não acreditavam na eficácia da seleção natural como mecanismo evolutivo, mas sim da mutação, que era mais compatível com a herança mendeliana na época. Com isso, no início do século XX, a genética mendeliana e a evolução darwiniana eram incompatíveis, contribuindo para o "eclipse do darwinismo". Enquanto as ideias de Darwin se baseavam em fundamentos erróneos e não testados sobre hereditariedade, como a herança por mistura ou de caracteres adquiridos, as conclusões de Mendel eram fundadas numa experimentação cuidadosa. Os trabalhos de Mendel e Darwin só puderam ser reconciliados nos anos de 1930 e 1940 com a chamada Síntese Moderna, que se baseou nos fundamentos da genética de populações desenvolvidos nas décadas anteriores.

Anúncio e publicação da teoria

Darwin encontrou uma resposta para o problema dos géneros divergirem ao fazer uma analogia com as ideias de divisão de trabalho na indústria. Variedades especializadas de um género, ao encontrarem nichos nos quais a sua especialização é mais útil, forçariam obrigatoriamente a diversificação de espécies. Ele experimentou com sementes, testando a sua habilidade de sobreviver à água salgada, para determinar se uma espécie poderia se transferir para uma ilha isolada pelo mar. Também passou a criar pombos para testar a sua hipótese de que a seleção natural era comparável à "seleção artificial" usada por criadores de pombos.

Foi então que, na primavera de 1856, Lyell leu um artigo sobre a introdução de espécies escrito por Alfred Russel Wallace, um naturalista que trabalhava no Bornéu. Ciente da similaridade entre este trabalho e o de Darwin, Lyell pressionou Darwin para que publicasse o quanto antes a sua teoria, de forma a estabelecer uma precedência. Apesar da sua doença, Darwin iniciou o livro de três volumes intitulado "Seleção Natural" ("Natural Selection"), obtendo espécimes e informações de naturalistas como Asa Gray e o próprio Wallace. Em dezembro de 1857, quando trabalhava no seu livro, Darwin recebeu uma carta de Wallace perguntando se ele se aprofundaria na questão das origens do homem. Ciente dos temores de Lyell, Darwin respondeu: "Eu acho que irei evitar completamente este assunto, uma vez que ele é rodeado de preconceitos, embora eu admita que este é o maior e mais interessante problema para um naturalista". Então encorajou Wallace a teorizar sobre o tema, dizendo "não há observações boas e originais sem especulação". Quando o seu manuscrito já alcançava 250 mil palavras, em junho de 1858, Darwin recebeu de Wallace o artigo em que aquele descrevia o mecanismo evolutivo que concebera. Wallace também solicitara a Darwin que o enviasse a Lyell. Darwin assim o fez, embora estivesse chocado que ele tivesse sido "prevenido" do fato. Embora Wallace não tivesse solicitado a publicação, Darwin ofereceu-se para enviar o artigo a uma revista. Descreveu o que se estava a passar a Lyell e Hooker. Estes concordaram com uma apresentação conjunta na Lynnean Society, a 1 de julho, do artigo intitulado "Sobre a Tendência das Espécies de formarem Variedades; e sobre a Perpetuação das Variedades e Espécies por Meios Naturais de Seleção" (On the Tendency of Species to form Varieties; and on the Perpetuation of Varieties and Species by Natural Means of Selection). Infelizmente, o filhomais novo de Darwin faleceu e ele não pôde comparecer à apresentação.

O anúncio inicial da teoria atraiu pouca atenção. Foi mencionada brevemente em algumas resenhas, mas para a maioria dos revisores era apenas mais uma entre muitas variações do pensamento evolutivo. Nos treze meses seguintes Darwin sofreu com uma saúde muito precária e fez um enorme esforço para escrever um resumo do seu "grande livro sobre espécies". Foi sempe encorajado pelos seus amigos cientistas e finalmente terminou o texto e Lyell cuidou para que o mesmo fosse publicado por John Murray. O livro recebeu o título "Sobre a origem das espécies por meio de seleção natural" (On the Origin of Species by Means of Natural Selection) e, quando foi colocado à venda a 22 de novembro de 1859, esgotou o stock de 1250 cópias. Naquela época, o termo "evolucionismo" implicava a criação sem intervenção divina e, por isso, Darwin evitou usar as palavras "evolução" ou "evoluir", embora o livro terminasse anunciando que "um número incontável das mais belas e maravilhosas formas evoluíram e estão evoluindo". O livro só mencionava brevemente a ideia de que seres humanos também deveriam evoluir tal qual outros organismos. Darwin escreveu de forma propositadamente atenuada que "luz será lançada no tocante à origem do homem e sua história".

Capa do livro A Origem das Espécies, de 1859

Reação

O livro de Darwin iniciou uma controvérsia pública que ele acompanhou atentamente, obtendo vário recortes de jornais de milhares de resenhas, críticas, artigos, sátiras, paródias e caricaturas. Os críticos foram rápidos em apontar as implicações não discutidas no livro realçando sempre a questão de os "homens serem descendentes de macacos" ("men from monkeys"). Entretanto, houve resenhas favoráveis, entre elas, uma publicada no The Times escrita por Huxley que incluía críticas a Richard Owen, um expoente do meio científico que Huxley estava tentando a "destronar". Owen pareceu inicialmente neutro, mas depois escreveu um artigo condenando veementemente o livro.

O corpo científico da Igreja de Inglaterra, incluindo os antigos tutores de Darwin em Cambridge, Sedgwick e Henslow, reagiram contra o livro, embora  tenha sido bem recebido por uma nova geração de jovens naturalistas. Foi quando sete ensaios e resenhas feitas por sete teólogos anglicanos liberais declararam que milagres eram irracionais e atraíram a atenção para si, desviando-a de Darwin.

O confronto mais famoso ocorreu num encontro da Associação Britânica para o Avanço da Ciência em Oxford. O professor John William Draper fez uma longa apresentação sobre Darwin e o progresso social e, então, Samuel Wilberforce, o bispo de Oxford, atacou as ideias de Darwin. Foi um acalorado debate, Joseph Hooker defendeu Darwin com tenacidade e Thomas Huxley foi apelidado de "bulldog de Darwin" – o mais veemente defensor da teoria evolutiva no palco Vitoriano. Conta-se que tendo sido questionado por Wilberforce se ele descendia de macacos por parte de pai ou de mãe, Huxley murmurou: "O Senhor o deixou em minhas mãos" e respondeu que "preferia ser descendente de um macaco que de um homem educado que usava sua cultura e eloquência a serviço do preconceito e da mentira" (isto é contestado, veja Wilberforce and Huxley: A Legendary Encounter). Logo se espalhou pelo país a história de que Huxley teria dito que preferia ser um macaco a um bispo.

Muitas pessoas sentiam que a visão de Darwin da natureza acabava com a importante distinção entre homem e animais. O próprio Darwin não defendia as suas ideias em público, embora e lesse avidamente tudo sobre o debate. Encontrava-se frequentemente doente e apenas fazia comentários através de cartas e correspondência. O seu círculo central de amigos cientistas – Huxley, Hooker, Charles Lyell e Asa Gray – ativamente colocavam o seu trabalho em discussão nos palcos científico e público, defendendo-o de seus muitos críticos e ajudando-o a ganhar o respeito que lhe valeu a medalha Copley da Royal Society em 1864. A teoria de Darwin também foi usada como base para vários movimentos da época e tornou-se parte da cultura popular. O livro foi traduzido para muitos idiomas e teve numerosas reimpressões. Tornou-se um texto científico acessível tanto para aos novos e curiosos cidadãos da classe média quanto para os trabalhadores e foi aclamado como o mais controverso e discutido livro científico de todos os tempos.

Caricatura publicada na revista Hornet, onde Darwin é retratado como um macaco.

Últimos anos de vida

Apesar dos sucessivos problemas de saúde que acometeram Darwin nos seus últimos vinte e dois anos de vida, continuou trabalhando avidamente, passando a dedicar-se aos aspetos mais controversos do seu "grande livro" que ainda estavam por completar: a evolução da espécie humana a partir de animais mais primitivos, o mecanismo de seleção sexual que poderia explicar características da não tão óbvia utilidade além de mera beleza decorativa, bem como sugestões para as possíveis causas subjacentes ao desenvolvimento da sociedade e das habilidades mentais humanas. As suas experiências, pesquisa e escrita continuaram.

Quando a filha de Darwin adoeceu, deixou de lado o seu trabalho e experiências com sementes e animais para a acompanhar no tratamento no campo. Ali, iniciou o seu interesse por orquídeas selvagens que se desenvolveria depois num estudo inovador sobre como as flores serviam para controlar a polinização feita pelos insetos e garantir a fertilização cruzada. Como já observara com as cracas, partes homólogas serviam a diferentes funções em diferentes espécies. De volta ao lar, adoeceu novamente num quarto repleto de experiências e plantas trepadeiras. Ainda assim, continuou o seu trabalho no livro "Variação" (Variation), que cresceu até ocupar dois volumes, o que o forçou a deixar de lado "A descendência do Homem e Seleção em relação ao Sexo". Uma vez impresso, o livro foi muito procurado.

A questão da evolução humana tinha sido amplamente discutida pelos seus simpatizantes (e críticos) logo depois da publicação da "Origem das Espécies",  mas a contribuição do próprio Darwin para o tema só chegoucuma década mais tarde com os dois volumes de "A descendência do Homem e Seleção em relação ao Sexo" em 1871. No segundo volume, Darwin introduziu por completo o seu conceito de seleção sexual e explicou a evolução da cultura humana, as diferenças entre os sexos, a diferenciação entre raças bem como a bela plumagem dos pássaros. Um ano mais tarde, Darwin publicou o seu último grande trabalho, "The Expression of the Emotions in Man and Animals", que era focado na evolução da psicologia humana e na sua continuidade com o comportamento animal. Desenvolveu a sua ideia de que a mente humana e culturas foram desenvolvidas por meio de seleção natural e sexual, uma abordagem que foi revivida com a emergência da psicologia evolutiva. Como ele concluiu na "Descendência do Homem", Darwin achava que apesar de todas as "qualidades nobres" e "capacidades sublimes" da humanidade:

“ O homem ainda traz na sua estrutura física a marca indelével de sua origem primitiva. ”

As suas experiencias relacionados com a evolução culminaram em cinco livros sobre plantas. O seu último livro voltou à discussão sobre o efeito que as minhocas tinham sobre o solo.

Darwin morreu em Downe, Kent, Inglaterra, a 19 de abril de 1882. Deveria ter sido enterrado no jardim da igreja de St Mary em Downe, mas atendendo ao pedido dos seus colegas cientistas, William Spottiswoode (Presidente da Royal Society) teve um funeral de estado e Darwin foi enterrado na abadia de Westminster próximo a Charles Lyell, William Herschel e Isaac Newton.

Em 1881, Darwin foi uma figura eminente, pelas suas contribuições ao pensamento evolutivo.

Visão religiosa

Embora vários membros da família de Darwin fossem pensadores livres, este não duvidava da verdade literal da Bíblia. Frequentava uma escola da igreja de Inglaterra e, mais tarde, em Cambridge, estudou teologia Anglicana. Nesta época,  estava plenamente convencido do argumento de William Paley de que o projeto perfeito da natureza era uma prova inequívoca da existência de Deus. Contudo, as suas crenças começaram a mudar durante a sua viagem no Beagle. A visão de uma vespa paralisando uma larva de borboleta para que esta servisse de alimento vivo para os seus ovos parecia contradizer a visão de Paley sobre o projeto benevolente ou harmonioso da natureza. Enquanto a bordo do Beagle, Darwin foi bastante ortodoxo e poderia citar a Bíblia como uma autoridade moral. Apesar disso,  via as histórias do velho testamento como falsas e improváveis.

Ao regressar investigou a questão de transmutação de espécies. Sabia que os seus amigos naturalistas e clérigos pensavam na transmutação como uma heresia que enfraquecia as justificativas morais para a ordem social e sabiam que tais ideias revolucionárias eram especialmente perigosas  numa época em que a posição estabelecida da igreja de Inglaterra estava sob constante ataque de dissidentes radicais e ateus. Enquanto desenvolvia secretamente a sua teoria de Seleção Natural, Darwin chegou mesmo a escrever sobre a religião como uma estratégia tribal de sobrevivência, embora  ainda acreditasse que Deus fosse o legislador supremo. A sua crença continuou diminuindo com o passar do tempo e, com a morte da sua filha Annie em 1851, Darwin perdeu toda a sua fé no cristianismo. Continuou a ajudar a igreja local e a colaborar com o trabalho comunitário associado à igreja, mas, aos domingos, ia caminhar enquanto a sua família ia para o culto. Nos seus últimos anos de vida, quando lhe perguntavam sobre a visão que tinha a respeito da religião, dizia que nunca tinha sido um ateu no sentido de negar a existência de Deus e, portanto, se descrevia mais corretamente como um agnóstico.

Charles Darwin contou na sua biografia que eram falsas as afirmações de que o seu avô Erasmus Darwin teria clamado por Jesus no seu leito de morte. Darwin concluiu dizendo que "Era tal o estado de sentimento cristão neste país [em 1802].... Nós podemos apenas esperar que nada deste tipo prevaleça hoje". Apesar desta crença, histórias muito parecidas circularam logo após a morte de Darwin, em particular, uma que afirmava que ele se havia convertido logo antes de morrer. Estas histórias foram disseminadas por alguns grupos cristãos até ao ponto de se tornarem lendas urbanas, embora as afirmações tenham sido refutadas pelos filhos de Darwin e fossem consideradas falsas por historiadores.

A morte da sua filha, Annie, em 1851, foi o evento que minou definitivamente a crença de Darwin em Deus.

Legado

A teoria de Darwin de que evolução ocorreu por meio de seleção natural mudou a forma de pensar em inúmeros campos de estudo da Biologia à Antropologia. O seu trabalho estabeleceu que a "evolução" havia ocorrido: não necessariamente por meio das seleções natural e sexual (isto, em particular, só foi comumente reconhecido após a redescoberta do trabalho de Gregor Mendel no início do século XX e o desenvolvimento da Síntese Moderna). Outros antes dele já haviam esboçado a ideia da seleção natural: na sua vida, Darwin reconheceu como tal os trabalhos de William Charles Wells e Patrick Matthew que ele (e praticamente todos os outros naturalistas da época) desconheciam quando publicou a sua teoria. Contudo, é claramente reconhecido que Darwin foi o primeiro a desenvolver e a publicar uma teoria científica de Seleção Natural e que trabalhos anteriores ao seu não contribuíram para o desenvolvimento ou sucesso da Seleção Natural como uma teoria testável.

Apesar da grande controvérsia que marcou a publicação do trabalho de Darwin, a evolução por seleção natural provou ser um argumento poderoso contrário às noções de criação divina e projeto inteligente comuns na ciência do século XIX. A ideia de que não mais havia uma clara separação entre homens e animais faria com que Darwin fosse lembrado como aquele que removeu o homem da posição privilegiada que ocupava no universo. Para alguns de seus críticos, entretanto, ele continuou a ser visto como o "homem macaco" frequentemente desenhado com um corpo de macaco.

Reconhecimento

Ainda durante a sua vida, muitas espécies de seres vivos e elementos geográficos foram batizados em sua homenagem, entre eles, o Monte Darwin, nos Andes, em celebração ao seu vigésimo quinto aniversário. A capital do Northern Territory na Austrália também foi batizada com o seu nome em comemoração à passagem do Beagle por ali, em 1839. No mesmo território, foram batizados com o seu nome uma universidade e um parque nacional.

As 14 espécies de tentilhões que ele estudou em Galápagos são chamadas "tentilhões de Darwin" em honra ao seu legado. Em 1964, foi inaugurado em Carmbridge o Darwin College em honra à sua família e, parcialmente, porque os Darwin eram os donos do terreno usado. Em 1992, Darwin foi posicionado em décimo sexto lugar na "As 100 maiores personalidades da História", compilada pelo historiador Michael H. Hart. Darwin também figura na nota de dez libras introduzida pelo banco de Inglaterra em 2000, substituindo Charles Dickens. A sua barba impressionante e difícil de ser copiada foi apontada como um dos fatores que contribuíram para a escolha. Darwin também aparece em quarto lugar na 100 Greatest Britons, uma lista compilada por meio de um voto popular pela BBC.

Estátua de Charles Darwin no Museu de História Natural de Londres.

Eugenia

Seguindo a publicação da "Origem das Espécies", o primo de Darwin, Francis Galton, aplicou as ideias de Darwin à sociedade, de forma a promover o conceito de "melhorias hereditárias". Iniciou este trabalho em 1865, completando-o em 1869. Em "The Descent of Man", Darwin concordou que Galton tivesse demonstrado que "talento" e "genialidade" em humanos eram provavelmente herdados, mas acreditava que as mudanças sociais que ele propunha eram muito utópicas. Nem Galton nem Darwin concordavam que o Estado devesse interferir nestas questões. Acreditavam que, no máximo, a hereditariedade deveria ser considerada na escolha de cônjuges. Em 1883, depois da morte de Darwin, Galton começou a chamar a sua filosofia social de Eugenia. No século XX, movimentos de Eugenia ganharam popularidade em vários países e foram associados a programas de controle de reprodução tais como leis de esterilização compulsória. Tais movimentos acabaram sendo estigmatizados após serem usados na retórica da Alemanha Nazi nas suas metas para alcançar a "pureza" racial.

Darwinismo Social

Em 1944 o historiador americano Richard Hofstadter aplicou o termo "Darwinismo Social" para descrever o pensamento desenvolvido durante os séculos XIX e XX a partir das ideias de Thomas Malthus e Herbert Spencer, que aplicaram as noções de evolução e sobrevivência do mais apto às sociedades e nações. Estas ideias caíram em descrédito após serem associadas ao racismo e ao imperialismo. Na época de Darwin a diferença entre o que mais tarde seria chamado de "darwinismo social" e simplesmente "darwinismo" não era clara. Contudo, Darwin não acreditava que a sua teoria científica implicasse qualquer teoria particular de governo ou ordem social.

O uso do termo "Darwinismo Social" para descrever as ideias de Malthus não é muito adequado, uma vez que Malthus morreu em 1834, portanto antes que a teoria de Darwin tivesse sido concebida. Além disso, a teoria de Darwin é que foi inspirada num ensaio de Malthus de 1838, "O Princípio da População". O "progressismo" evolutivo de Spencer e as suas ideias políticas e sociais também foram muito influenciados pelas ideias de Malthus e os seus livros sobre a economia (de 1851) e evolução (de 1855) são ambos anteriores à publicação da "Origem das Espécies" (de 1859).


Fundação Batalha de Aljubarrota

Nascimento de Nuno Álvares Pereira É legitimado por D. Pedro I A morte de D. Fernando e o início da Crise Casa com Leonor de Alvim Nuno Alvares Pereira toma partido do Mestre de Avis Campanha Militar - 1384 Início da Campanha de 1384 Em busca de provisões Combate naval no Tejo: Lisboa> Almada Diplomacia por Almada e conquista do Castelo A caminho de Entre Tejo e Guadiana Tentativa de arregimentar novos soldados na comarca de Évora O cerco de Monforte e Tomada do Castelo de Arronches Vence os castelhanos na Batalha dos Atoleiros. A Frota do Porto Combate na Ribeira de Alperrejão Tomada do Castelo de Monsaraz: Combate junto ao Guadiana Movimento para Ponte de Sôr O Cerco ao Fronteiro-Mor Novas ordens Combate e Reconquista de Almada O fim do Cerco de Lisboa Tomada do Castelo de Portel A conspiração contra o Mestre Insistência por Vila Viçosa Campanha Militar - 1385 O Condestável comanda as forças leais ao Mestre de Avis na Batalha Real (Batalha de Aljubarrota) A Batalha de Aljubarrota, vitória decisiva de Portugal; A célebre batalha de Valverde Campanha Militar - 1386 Campanha Militar - 1387 Começa a construção da capela de S. Jorge, em Aljubarrota. Começa a construção do Convento do Carmo, em Lisboa. Partilha com os companheiros de armas muitas das suas terras. Primeiros carmelitas vêm viver para o Convento do Carmo. O casamento entre o futuro duque de Bragança, D. Afonso, com a filha de D. Nuno, D. Beatriz Fim das hostilidades com Castela. Morre a filha, D. Beatriz. Projeta tornar-se carmelita. Participou da Conquista de Ceuta Reparte pelos netos os seus títulos e domínios. Ingressa no Convento do Carmo a 15 de agosto Morre, Nuno Alves Pereira Primeira trasladação dos restos mortais Segunda trasladação dos restos mortais As cortes pedem ao Papa Urbano VIII a sua beatificação. O pedido é renovado várias vezes ao longo dos anos. O terramoto de 1755 Terceira trasladação dos restos mortais Quarta trasladação dos restos mortais. O Papa Bento XV confirma o culto do Santo Condestável Início do Processo de Canonização Processo de Canonização suspenso Transladação dos restos mortais para a Igreja do Santo Condestável Reinício do processo de Canonização Anúncio da canonização Legado
Participou na tomada de Ceuta em 1415 - (D. Afonso, 1.º Duque de Bragança) Participou na expedição a Tânger em 1437 - (D. Fernando I, 2.º Duque de Bragança) Foi Governador de Ceuta em 1438 - (D. Fernando I, 2.º Duque de Bragança) Foi Governador de Ceuta em 1447 - (D. Fernando I, 2.º Duque de Bragança) Participou na Batalha de Alfarrobeira ao lado de D. Afonso V, em 1449 - (D. Afonso, 1.º Duque de Bragança) Foi regente do Reino em 1458 - (D. Afonso, 1.º Duque de Bragança) Foi Regente do Reino em 1471 - (D. Fernando I, 2.º Duque de Bragança) Pela sua participação na conjura contra D. João II, foi executado em Évora, em 1483 - (D. Fernando II, 3.º Duque de Bragança) D. Manuel devolveu-lhe os títulos e terras confiscados por D. João II - (D. Jaime I, 4.º Duque de Bragança) Custeou a expedição que conquistou Azamor, em Marrocos, em 1513 - (D. Jaime I, 4.º Duque de Bragança) Nomeado condestável do reino (1535) na ausência do Infante D. Luís - (D. Teodósio I, 5.º Duque de Bragança) Foi escolhido para padrinho do Infante D. Dinis, filho de D. João III (1535) - (D. Teodósio I, 5.º Duque de Bragança) Nomeado Fronteiro-Mor das Províncias do Minho e Trás-os-Montes (1540) - (D. Teodósio I, 5.º Duque de Bragança) Acompanhou a Infanta D. Maria à raia para ser entregue ao Príncipe D. Filipe, herdeiro da coroa em Castela (1543) - (D. Teodósio I, 5.º Duque de Bragança) Enviou 400 cavalos em socorro de Safim - (D. Teodósio I, 5.º Duque de Bragança) Nomeado para comandar o exército de socorro a Mazagão, jornada que não se concretizou porque os mouros levantaram o cerco - (D. Teodósio I, 5.º Duque de Bragança) Esteve presente na aclamação de D. Sebastião como rei - (D. Teodósio I, 5.º Duque de Bragança) Acompanhou D. Sebastião a África em 1574 - (D. João I, 6.º Duque de Bragança) Participou na batalha de Alcácer-Quibir, tendo sido feito prisioneiro - (D. Teodósio II, 7.º Duque de Bragança) Defendeu a pretensão da rainha D. Catarina ao trono após a morte do Cardeal-Rei D. Henrique - (D. João I, 6.º Duque de Bragança) Regressou a Portugal em 1580 - (D. Teodósio II, 7.º Duque de Bragança) Instituiu o Conselho de Guerra em 1640 e organizou a defesa de Portugal contra Espanha, tanto na metrópole como na América, África e Ásia Foi aclamado rei em 15 de Dezembro de 1640 - (D. João II, 8.º Duque de Bragança, IV dos Reis de Portugal) Nascimento do Dom Pedro I