Texto retirado do Estado de Minas:
"O presidente Jair Bolsonaro, que teve resultado positivo para COVID-19 divulgado nesta terça-feira (7), teve contato direto com mais de 50 pessoas nos últimos 16 dias, tanto em gabinetes quanto ao ar livre. Assim, correu risco de ser contaminado e também de contaminar outros, principalmente por não usar máscara cobrindo boca e nariz nem respeitar a distância mínima sugerida por autoridades da saúde.
De participação em velório de soldado do exército morto a reuniões com ministros, passando pela comemoração da independência dos EUA e cerimônias protocolares, não foram poucas as oportunidades em que o chefe do executivo se expôs ao risco. Também participou das famosas lives de quinta-feira sem usar máscara ao lado de auxiliares como Paulo Guedes, o todo-poderoso da economia, além da intérprete de libras.
Mas o que pode ter sido pior é o contato direto com pessoas comuns. Em viagem a Araguari, em 27 de junho, que não constava da agenda oficial, ele carregou diversas crianças no colo, abraçou apoiadores que buscavam registrar o momento e agradeceu quem gritava o nome ou o chamava de “mito”. Tudo sem qualquer proteção.
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Desde o começo da propagação da COVID-19, aliás, Bolsonaro desdenhou da pandemia, não deu ouvidos aos infectologistas, que alertavam para a letalidade da doença e os riscos que ela traz para o serviço de saúde, sobrecarregados quando não há respeito ao distanciamento social. Chegou a dizer publicamente que o novo coronavírus provocava sintomas de “uma gripezinha” e não iria derrubá-lo, caso contaminado. Chegou a cumprimentar um apoiador depois de limpar o nariz com as mãos.
Em rede nacional, defendeu a abertura de escolas, o fim do distanciamento social e chamou os alertas das autoridades de saúde de “histeria”. Já em conversa em frente ao Palácio da Alvorada, disse não poder fazer mais que já vinha sendo feito. “Lamento (as mortes). Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre”, afirmou.
Em mais de uma oportunidade ele se esquivou das consequências da pandemia. “Lembro à Nação que, por decisão do STF, as ações de combate à pandemia (fechamento do comércio e quarentena, p.ex.) ficaram sob total responsabilidade dos Governadores e dos Prefeitos.”, escreveu em rede social.
Justiça
Apesar de não parecer tão preocupado com a COVID-19, esta é quarta vez que o presidente buscou exames para saber se estava contaminado pelo novo coronavírus. Os outros três exames feitos nos últimos meses derem negativo, porém, o presidente afirmou por diversas vezes que ele poderia ter contraído a doença. Em abril ele disse: “'Talvez eu tenha pego esse vírus no passado e nem senti”'. Mais recentemente, Bolsonaro disse aos seus apoiadores que que pode ter contraído novo coronavírus “20 vezes”.
Os resultados desses exames só se tornaram públicos após uma ação judicial movida pelo jornal Estado de S. Paulo, já que o presidente se negou por diversas vezes a mostrar os resultados. Eles foram realizados porque parte da equipe que o acampanhou em viagem aos EUA, em fevereiro, foi contaminada pela doença, entre eles, o ministro do Gabinete da Segurança Institucional, general Augusto Heleno, e Bento Albuquerque, ministro de Minas e Energia. Ao todo, 22 pessoas da comitiva tiveram a doença."
Presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) - FOTO: SERGIO LIMA/AFP
Os 30 anos de vida pública do mais polêmico candidato à presidência do Brasil em 2018. Inclui sua biografia, comissões, cargos políticos, filiações partidárias, projetos e declarações públicas.