O muro de Berlim (Berliner mauer, em alemão) foi o símbolo da Guerra Fria. Construído na forma de um cerco que envolvia toda a parte ocidental da capital alemã, o muro de Berlim não apenas dividiu a cidade, como também se tornou o ícone da divisão ideológica em dois blocos políticos antagônicos: o bloco ocidental, liderado pelos Estados Unidos, e o bloco oriental (soviético), liderado pela URSS.
Objetivo da construção do muro no contexto da Guerra Fria
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, ocidentais e soviéticos passaram a delimitar o território europeu em “zonas de influência”. Como a Alemanha havia sido libertada do jugo nazista tanto por membros do que seria o “bloco ocidental” (isto é, EUA e Reino Unido, sobretudo) quanto por soviéticos, o território do país foi dividido, criando-se dois novos países: a República Democrática Alemã, pertencente à zona de influência soviética, e a República Federal da Alemanha, que ficou sob a zona de influência ocidental.
O problema é que a capital, Berlim, ficava na parte oriental, portanto, sob a zona soviética; mas sendo capital, uma parte dela também deveria pertencer aos ocidentais, ao bloco dito “capitalista”, e assim foi feito. Todavia, isso gerou uma ameça para os soviéticos, pois, apesar da divisão, havia um trânsito muito grande de pessoas de um lado para o outro da cidade. Consequentemente, os valores e benesses do “Mundo Capitalista”, como liberdade de consumo e de expressão, acesso a produtos industriais e culturais, etc., acabavam por “contaminar” o enrijecido padrão de vida imposto pelo comunismo soviético no lado oriental da cidade.
A decisão de erguer o muro partiu dos então líderes da URSS e Alemanha Oriental, respectivamente: Nikita Kruschev e Walter Ulbricht. O objetivo dos dois líderes era isolar Berlim Oriental a fim de que não houvesse mais contato entre as duas realidades. Contudo, como dito, Berlim ficava na parte oriental da Alemanha. Então, com o muro erguido, a única forma de acesso à parte ocidental da cidade ficou sendo a aérea, por meio do aeroporto.
O muro passou a ser erguido em 1961, mais precisamente na madrugada de 12 para 13 de agosto daquele ano, quando soldados da Alemanha Oriental começaram a divisão entre os dois lados da cidade utilizando estacas e arame farpado. Dois anos depois, toda a sua estrutura já estava pronta, incluindo as guaritas espalhadas por vários pontos, que passaram a ser ocupadas com soldados fortemente armados, com ordem de metralhar quem tentasse transpor as fronteiras do muro.
Queda do muro em 9 de novembro de 1989
A partir da segunda metade da década de 1980, a URSS passou a sofrer um colapso em seu modelo político-econômico. As reformas sugeridas pelo então líder, Mikhail Gorbachev, conhecidas como Perestroika e Glasnost, a partir de 1986, não tiveram êxito em seu objetivo, que era tornar mais flexível a economia soviética sem, contudo, abandonar o comunismo e o modelo de controle estatal da economia e das relações sociais.
As medidas de Gorbachev, resultando em fracasso, acabaram por estimular uma progressiva e rápida fragmentação da União Soviética. Muitas nações atreladas ao poder central de Moscou (capital da Rússia e centro do poder soviético) desde os anos 1920 aproveitaram tal ocasião para romper com a URSS. Dessa ruptura, foi formada a CEI – Comunidade dos Estados Independentes.
O reflexo da queda do “império soviético” atingiu também suas zonas de influência, inclusive a Alemanha Oriental. Em 1989, pressões e protestos começaram a ser realizados pela população alemã como um todo a fim de que fosse feita a reunificação do país. Em 9 de novembro de 1989, cidadãos das duas partes de Berlim, munidos de machados, martelos e marretas, puseram abaixo várias partes do longo muro que dividia a cidade em um gesto que clamava por liberdade e que enterrava, simbolicamente, a já agonizante Guerra Fria. No ano seguinte, houve a reunificação do país.