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Mendes Cabeçadas (1883 - 1965) liderou uma das fações do golpe militar de 28 Maio de 1926. Foi Presidente apenas por alguns dias. Demitiu-se a favor do General Costa Gomes.
Oficial de Marinha é o responsável pela revolta da tripulação do cruzador Adamastor, que realiza os disparos contra o Palácio das Necessidades no dia 4 de Outubro de 1910, fragilizando ainda mais o poder monárquico.
Desiludido com a Primeira República lidera uma das fações que concretizou o golpe militar de 28 de maio de 1926.
Assume a presidência apenas por alguns dias. Para evitar o confronto com o General Gomes da Costa, líder de outra fação, entrega-lhe a presidência.
Regressado à suas funções na marinha voltará a conspirar, mais tarde, contra o Estado Novo.
Temas: História, Século XX
Ensino: 2º Ciclo, 3º Ciclo, Ensino Secundário
Ficha Técnica
Título: “Os Presidentes” (Ep. 3)
Tipo: Extrato de Documentário
Autoria: Alexandrina Pereira / Rui Pinto de Almeida
Produção : Braveant para a RTP
Ano : 2011
Informações adicionais:
José Mendes Cabeçadas Júnior (Loulé, São Sebastião, Lagoa de Momprolé, 19 de Agosto de 1883 — Lisboa, 11 de Junho de 1965) foi um oficial da Armada Portuguesa, maçon e político republicano convicto, que teve um papel decisivo na preparação dos movimentos revolucionários que conduziram à criação e à extinção da Primeira República Portuguesa: a revolução de 5 de Outubro de 1910 e o golpe de 28 de Maio de 1926. Exerceu o cargo de 9.º Presidente da República Portuguesa (o 1.º da Ditadura Militar) e de presidente do Ministério (Primeiro-Ministro) no breve período entre 31 de Maio de 1926 e 16 de Junho do mesmo ano. Afastado do poder pela estabilização do regime à direita e pelo salazarismo, transformou-se num feroz opositor da autocracia de Óscar Carmona e de Oliveira Salazar, conspirando em, pelo menos, duas tentativas insurreccionais (1946 e 1947). Como derradeiro gesto político, subscreveu o Programa para a Democratização da República (1961).
José Mendes Cabeçadas
Assinatura
Biografia
Filho de José Mendes Cabeçadas e de sua mulher Maria da Graça Guerreiro, neto paterno de João Mendes Cabeçadas, oriundo da Quinta das Cabeçadas, e de sua mulher Joana Maria e neto materno de João Nunes Guerreiro e de sua mulher Maria da Graça. Casou em Lisboa, Santa Isabel, em Março de 1911 com Maria das Dores Formosinho Vieira Silves, Silves, 6 de Janeiro de 1880 - 22 de Dezembro de 1949), filha de José Francisco Vieira e de sua mulher Maria das Dores Formosinho, da qual teve quatro filhas: Maria Vieira Cabeçadas (Fevereiro de 1912 - ?), Maria Dolores Vieira Cabeçadas (1913), Maria da Graça Vieira Cabeçadas (1915) e Raquel Vieira Cabeçadas.
Oficial da Marinha, foi um dos responsáveis pela revolta a bordo do Adamastor, durante a Implantação da República Portuguesa. Pertenceu ao Partido da União Republicana e ao Partido Liberal Republicano, tendo sido Deputado da Assembleia Nacional Constituinte de 1911 e da Câmara dos Deputados do Congresso da República por Silves de 1911 a 1915 e por Aljustrel de 1915 a 1917 e em 1921. Havendo-lhe sido oferecidas diversas condecorações, aceitou apenas a Medalha de Prata de Comportamento Exemplar. A 11 de Março de 1919 foi feito Comendador da Ordem Militar de Avis de Portugal. Foi Presidente da Comissão de Obras de Construção do Arsenal, Presidente da Junta Autónoma do Arsenal, Intendente da Marinha Portuguesa e 2.º Governador do Banco de Angola. No entanto, cedo se desiludiu com o regime que ajudara a criar.
Em 1926, sendo Capitão-de-Fragata, dá o grito de revolta da Revolução de 28 de Maio de 1926 em Lisboa, depois de em Braga Gomes da Costa ter tomado idêntica atitude. A 29 de Maio de 1926 foi feito Oficial da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito de Portugal. O primeiro-ministro António Maria da Silva demite-se, e poucos dias depois, a 30/31 de Maio, o presidente Bernardino Machado atribui-lhe a chefia de um novo ministério, assim como de todas as suas pastas, presidindo ao Governo, tendo sido Ministro das Finanças a 30 de Maio, Ministro dos Negócios Estrangeiros de 30 de Maio a 1 de Junho e, novamente, Ministro das Finanças a 1 de Junho. Nesse mesmo dia, o Presidente renuncia às suas funções, passando Mendes Cabeçadas a acumular o cargo de Presidente da República com o de Presidente do Ministério.
Mendes Cabeçadas, revolucionário de uma linha moderada, julgava ainda ser possível constituir um governo que não pusesse em causa o regime constitucional, mas apenas livre da nefasta influência do Partido Democrático. No entanto, os demais conspiradores (entre os quais Gomes da Costa e Óscar Carmona) julgaram-no como sendo incapaz e, no fundo, o último vestígio do regime constitucional da I República. Após uma reunião dos revoltosos no seu quartel-general em Sacavém, a 17 de Junho de 1926, Mendes Cabeçadas foi forçado a renunciar às funções de presidente da República e de presidente do Ministério a favor de Gomes da Costa.
Atingiu o posto de Contra-Almirante em 1930.
Mais uma vez passou a apoiar os oposicionistas, tendo-se envolvido em várias revoltas, nomeadamente na Revolta da Mealhada em 10 de outubro de 1946, e subscrito até manifestos contra a ditadura, até à sua morte, em 1965.
Foi tio-bisavô de José Manuel Garcia Mendes Cabeçadas.
Retrato oficial do Presidente Mendes Cabeçadas (1957), por Romano Esteves. Museu da Presidência da R...