O Risorgimento (em português: Ressurgimento) é o movimento na história italiana que buscou entre 1815 e 1870 unificar o país, que era uma coleção de pequenos Estados submetidos a potências estrangeiras.
Na luta sobre a futura estrutura da Itália, a monarquia constitucional, encabeçada na pessoa do rei Vítor Emanuel II do Reino da Sardenha, apoiado pelos conservadores liberais, teve sucesso quando em 1859-1861 se formou a Nação-Estado, sobrepondo-se aos partidários da extrema-esquerda, maçons carbonários, jacobinos, republicanos e democráticos, que militavam sob Giuseppe Mazzini e Giuseppe Garibaldi. A desejada unificação da Itália se deu assim sob a Casa de Saboia, com a anexação ao Reino de Sardenha, da Lombardia, do Vêneto, do Reino das Duas Sicílias, do Ducado de Módena e Reggio, do Grão-ducado da Toscana, do Ducado de Parma e dos Estados Pontifícios.
Na primeira fase do Risorgimento (1848-1849), desenvolveram-se vários movimentos revolucionários e uma guerra nacionalista contra o Império Austríaco, mas concluiu-se sem modificação do statu quo.
A segunda fase, em 1859-1860, prosseguiu no processo de unificação e concluiu com a declaração da existência de um Reino de Itália. Completou-se com a anexação de Roma, antes a capital dos Estados Pontifícios, em 20 de setembro de 1870.
Antecedentes
Napoleão Bonaparte criou diversos estados na península Itálica: Reino da Etrúria, Reino de Itália (1805-1814) e entregou o governo do Reino de Nápoles ao seu irmão José. Durante esse período, esses territórios passaram por reformas liberais e pela extinção dos privilégios feudais e eclesiásticos. Após o Congresso de Viena, com a conferência de paz que se seguiu à derrota de Napoleão, e a liquidação do sistema, a península Itálica ficou dividida e subjugada. A Áustria dominava a Lombardia, Vêneto (Venécia) e Istria; os ducados de Parma, Módena e Toscana eram regidos pelos arquiduques austríacos; o Piemonte, que integrava o Reino de Sardenha junto com o Ducado de Saboia e Gênova, era governado pela casa de Saboia; o Papa governava os Estados Pontifícios, estendendo sua autoridade às províncias do Adriático, e os Bourbons voltavam ao Reino das Duas Sicílias.
Em todas essas regiões, foi estabelecido o absolutismo ou a monarquia tradicional, esta última baseada nas decisões das cortes. O único Estado que permaneceu mais ou menos liberal foi o Reino da Sardenha, na ocasião composto das atuais regiões de Piemonte e da Sardenha.
Os governantes do antigo regime, impostos pelo Congresso de Viena, sem apoio popular, governavam com auxílio das forças austríacas.
Entretanto, as ideias revolucionárias e nacionalistas continuavam propagando-se, incentivadas pelo progresso econômico e o amadurecimento das instituições. O incremento da produção têxtil do Reino da Sardenha exigia um vasto mercado global que somente poderia ser a Itália unificada. As ferrovias favoreceram as comunicações e, com elas, a unidade dos diversos Estados. Outro elemento aglutinador era a língua italiana. Os italianos podiam estar separados pelas fronteiras, com monarcas estrangeiros impostos pela Santa Aliança, mas ninguém podia despojá-los do idioma de Dante, Petrarca e Boccaccio. Por outro lado, o romantismo, que se identificou na Itália com o Risorgimento letterario, adquiriu um claro poder político. Assuntos aparentemente literários ou históricos encontravam-se cheios de alusões à escravidão e a tirania. Onde não se tolerava a crítica, empregava-se a sátira.
Giuseppe Mazzini (1805-1872), fundador do movimento Jovem Itália.
A península Itálica em 1843, dividida em oito Estados.
Vítor Emanuel II, nascido em Turim, no Piemonte. Ascendeu ao trono em 1849 com a abdicação do pai, C...
Giuseppe Garibaldi. Partidário do movimento Jovem Itália, teve de deixar o país em 1834, regressando...
Unificação de Itália com a invasão e anexação francesa de Nice e de Sabóia 1860
Garibaldi partindo para a conquista da Sicília.